Aprofundamento da crise tornou julho o “mês mais difícil”, admite Leite

Sem recursos suficientes, Piratini se obrigou a divulgar calendário parcial da folha de pagamento de junho

Foto: Divulgação/Palácio Piratini

Ao fazer um balanço dos primeiros seis meses de gestão, o governador Eduardo Leite (PSDB) considerou, neste sábado, o aprofundamento “absolutamente excepcional” da crise financeira como o momento mais delicado à frente do Executivo. Cercado de secretários de estado e aliados políticos, Leite admitiu que a escassez de recursos em junho ocasionou, inclusive, atraso na divulgação do cronograma de pagamento da folha dos servidores.

O governador cita a herança de dívidas como fator determinante para o aguçamento da dívida. Leite justifica que iniciou a administração tendo que pagar os salários de dezembro, assim como o 13° parcelado, da gestão passada, que ainda antecipou R$ 700 milhões em receitas de 2019. “Isso ainda foi suportado, nos primeiros meses, por conta das receitas de IPVA, entre outras fontes, mas neste mês experimentamos uma especial dificuldade no pagamento de salários. É uma situação absolutamente excepcional, sem dúvida nenhuma, a situação mais dura e o mais mês mais difícil para nós”, alegou.

O aprofundamento da crise levou o Executivo a pagar, até o momento, apenas os servidores que recebem até R$ 3,5 mil. O cronograma parcial prevê depósitos na faixa de R$ 4,5 mil, para todo o funcionalismo, até o dia 23. Na segunda-feira, a Secretaria da Fazenda detalha como fica o restante do pagamento, para quem recebe acima desse valor. Embora o quadro fiscal tenha piorado, Leite reiterou que o Piratini trabalha para colocar os vencimentos em dia a partir de 2020.

O governador elencou o acúmulo de presos em viaturas como um dos pontos negativos desse início de gestão. Sem se eximir de culpa, ele associou o impasse à falta histórica de investimentos no setor, somada ao aumento no número de prisões, que resultou em redução de 30% nos índices de criminalidade. O tucano demonstrou confiança, porém, que as ações em curso na recém-criada Secretaria da Administração Penitenciária possam surtir efeito para atenuar esse cenário.

Banrisul ainda em debate 

Embora o ministro da Economia, Paulo Guedes, tenha indicado, durante a semana, que o Rio Grande do Sul pode ingressar no Regime de Recuperação Fiscal da União sem que seja preciso privatizar o Banrisul, Eduardo Leite ponderou que o Planalto ainda não chancelou essa negociação.

“O que o Ministério da Economia aceitou foi dar início às tratativas formalmente, mesmo que não esteja contemplada a privatização o Banrisul. Não significa ainda a consolidação dessa posição, mas já um grande passo. O Ministério admite conversar sobre o plano, mesmo que o Banrisul não integre. Vamos ter que provar, com outras medidas, que dispensando a privatização do Banrisul, esse plano de reequilibro fiscal pára em pé e se sustenta”.

Leite viaja para os EUA

Leite viaja para os Estados Unidos na terça-feira, para um curso de capacitação em gestão pública, em Washington. O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior, também participa da formação. O governador retorna às atividades no domingo. Durante esse período, o vice Ranolfo Vieira Junior responde pelo governo.