Atraso recorde no pagamento de salários é “maldade” e “desrespeito”, dizem oficiais da BM e delegados

Categorias estão entre as mais afetadas por crise que perdura por mais de 3 anos

Coronel Beck e Delegado Cleiton protestaram contra novo parcelamento de salários | Foto; Montagem sobre fotos de ASOFBM e ASDEP/Rádio Guaíba

Entidades representativas de servidores da Segurança Pública manifestaram indignação com o atraso no pagamento dos salários no Poder Executivo. Nessa terça-feira, o Palácio Piratini confirmou que a folha de junho só vai ser quitada, na totalidade, apenas em 12 de agosto. A demora é a maior registrada desde o início do parcelamento, em fevereiro de 2016. Os mais atingidos são aqueles que ganham os maiores salários, entre os quais estão oficiais da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros e delegados da Polícia Civil.

O presidente da Associação que reúne os militares de alta patente classificou a situação como “maldade”. Para o coronel Marcos Paulo Beck, o governador Eduardo Leite e os técnicos do Executivo não têm conhecimento da realidade dos policiais. “Esse governador (…) vinha dizendo que não teríamos remédio amargo, que colocaria os salários em dia”, criticou.

Já o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul disse esperar a divisão dos prejuízos com servidores dos outros poderes, Legislativo e Judiciário. Para Cleiton de Freitas, a situação é desrespeitosa. “É primordial que o governo seja corajoso e faça com que seja dividido esse bolo, essa dificuldade”, sugeriu.

O presidente da Associação dos Oficiais afirmou que o parcelamento de salários afeta tanto a vida pessoal quanto a rotina profissional de policiais. Coronel Beck fez cobranças de valorização pessoal, citando a falta de promoções entre os brigadianos. “isso deixa a Brigada revoltada”, afirmou. “Não admitimos mais esse descaso com o Estado, nós estamos perdendo homens dia a dia”, concluiu.

Entre os delegados, a dúvida sobre valores e datas prejudica o cotidiano das famílias – que passam a depender de empréstimos no Banrisul. “Nós temos enfrentado essa dúvida”, lamentou. Segundo o delegado Cleiton de Freitas, a vice-governadoria do Estado projetou que a situação deve melhorar nos próximos meses.

A reportagem também procurou a Associação dos Procuradores do Estado do Rio Grande do Sul. A direção da entidade preferiu não se manifestar sobre o assunto.