Casinhas para cães: Regina rebate críticas e fala que Marchezan é mal orientado sobre questão animal

Esfera Pública debateu a polêmica, na tarde desta sexta

Foto: Mauro Schaefer/CP

A secretária adjunta do Meio Ambiente e Sustentabilidade de Porto Alegre, Viviane Diogo, e a secretária estadual do Trabalho e Assistência Social, Regina Becker, que é defensora da causa animal, debateram hoje, durante o Esfera Pública, da Rádio Guaíba, a polêmica em torno de três casinhas comunitárias para cães, construídas ainda em 2016, em frente ao condomínio Tulipa, no bairro Jardim do Salso. Depois de receber denúncias, a Prefeitura deu prazo de sete dias para a remoção das estruturas, mas uma decisão judicial suspendeu a medida até que os envolvidos participem de uma audiência de conciliação, em 23 de julho.

Nessa quinta, ao também participar do Esfera Pública, o prefeito Nelson Marchezan Júnior reiterou que considera as estruturas irregulares por afetarem a circulação pelo passeio público. O prefeito salientou que “postes, hidrantes e estruturas da Área azul, por exemplo, são de interesse público”, mas casinhas de cachorro, não. Marchezan frisou que não pode abrir precedente e chamou de “inocentes úteis” quem defende causas sem saber a profundidade do caso.

Sobre a declaração do prefeito, Regina disse que as casinhas foram reduzidas a uma questão pontual. Ex-primeira-dama e ex-secretária dos Direitos Animais em Porto Alegre, Regina afirmou que a defesa da causa é muito mais ampla e lembrou que, nas calçadas, também há patinetes, bicicletas, bancas de chaveiro e balcões de fruteiras, por exemplo, embora na visão do prefeito apenas os lares para os animais sejam considerados um problema. “Ele atribuiu o incômodo à questão de os cães transmitirem doenças, não serem castrados, vacinados, o que é uma visão distorcida e equivocada”, disse. “A realidade ele desconhece totalmente. Estranho o fato de as equipes não terem instruído ele de como as coisas funcionam”, completou.

Ainda ontem, Marchezan afirmou que “não é o animal que está em voga [nessa discussão]. É a casinha que serve de debate político para a esposa do ex-prefeito [se refere a José Fortunati] porque tem eleição ano que vem. Não castra um animal no Estado e vem aqui se meter na casinha. Não estou nem aí para a casinha, me preocupo com os animais”. Sobre essa fala, Regina disse que não é obrigação dela, como secretária estadual, fazer as castrações, embora como defensora animal trabalhe para que haja mais orientação e repasses para esse fim. Regina também disse que o prefeito é “prepotente” em tratar essa questão, principalmente por não ter ido ao local nem conversado com os moradores.

Já a secretária adjunta do Meio Ambiente de Porto Alegre, Viviane Diogo, defendeu como fundamental que haja um trabalho de incentivo à adoção de animais, uma vez que, na rua, se expõem a maus tratos, doenças e ao risco de atropelamento. Para Viviane, é fundamental que a polêmica em torno das casinhas do Jardim do Salso não desvirtue um debate mais importante, que se refere ao bem-estar animal.

A decisão que suspendeu a ordem de remoção decorre de uma ação civil pública ajuizada pelo Movimento Gaúcho de Defesa Animal (MGDA). A entidade calcula que cerca de 30 mil cães vivam hoje nas ruas da cidade.