Guedes desmente suposta ordem para investigar Glenn Greenwald

Alegando sigilo, Coaf não esclareceu se monitora movimentações financeiras do jornalista

Foto: Gustavo Raniere/ASCOM/Ministério da Economia

O ministro da Economia, Paulo Guedes, negou ter ordenado qualquer investigação por parte do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) das movimentações financeiras do jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil. O ministro respondeu a requerimento do Tribunal de Contas da União (TCU), que pediu esclarecimentos à pasta sobre possíveis investigações da situação financeira do jornalista.

Em ofício encaminhado ao TCU, Guedes informou não ter conhecimento sobre “os fatos noticiados nos autos”, referindo-se à investigação. O ministro informou que o Coaf detém autonomia técnica para abrir investigações sem o conhecimento dele, mas negou ter emitido qualquer ordem nesse sentido.

Em ofício separado assinado eletronicamente, o presidente substituto do Coaf, Jorge Luiz Alves Caetano, informou que o órgão não se pronuncia sobre “casos concretos”, sob a alegação de manutenção de sigilo fiscal. Ele não respondeu se a Polícia Federal chegou a pedir investigação nem se o Coaf começou a monitorar as movimentações financeiras de Greenwald.

Entenda o caso
Na noite de sexta-feira, o ministro do TCU Bruno Dantas deu prazo de 24 horas para o ministro da Economia prestar esclarecimentos ao órgão, porém só hoje chegaram as notificações.

O Intercept Brasil vem divulgado, desde 9 de junho, trocas de mensagens atribuídas a procuradores da Lava Jato e ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, então juiz à frente das ações da operação em Curitiba.

O despacho de Dantas se baseou em uma representação do subprocurador-geral do Ministério Público de Contas, Lucas Rocha Furtado, para apurar supostas irregularidades no Coaf, “mediante perseguição e abuso de poder”, a fim de “intimidar o jornalista”.

Conforme a argumentação do Ministério Público de Contas e do ministro do TCU, se confirmada, a investigação do Coaf pode caracterizar “grave desvio de finalidade” no dispêndio de verba pública.

No despacho, o ministro também tinha pedido esclarecimentos ao presidente do Coaf, Roberto Leonel de Oliveira.