País deve sentir reflexos de acordo Mercosul-UE dentro de 4 ou 5 anos, diz especialista

Especialista acredita que as empresas que já exportam para o mercado europeu devem ser as principais beneficiadas

Foto: Divulgação/Ministério das Relações Exteriores

A economista Simone Magalhães, professora e ex-presidente do Conselho Regional de Economia, afirmou nesta manhã que a economia gaúcha deve sentir os reflexos do acordo do Mercosul com a União Europeia dentro de 4 ou 5 anos.  A informação foi dada durante o programa Direto ao Ponto, da Rádio Guaíba, na manhã desta segunda-feira, 1º. A expectativa é de que o acordo injete cerca de R$ 480 bilhões no PIB brasileiro em 15 anos.

“Os efeitos, na prática, devem ser sentidos a partir da exploração (do acordo) por parte das empresas”, disse a professora. Conforme ela, “primeiro as empresas realizam a chamada fase de estudo, para verificar a aceitação do produto no mercado. Posteriormente, elas realizam o investimento.” A especialista também acredita que as empresas que já exportam para o mercado europeu devem ser as principais beneficiadas, através da redução ou eliminação de alíquotas.

Uma preocupação para os gaúchos está no setor vitivinícola, já que a concorrência do produto europeu pode ser mais um entrave no comércio local. Além disso, a professora concorda que uma reforma tributária interna também é necessária, tendo em vista os altos preços que o vinho local e seus derivados alcança em virtude desses custos. Entretanto, reforça que “lá fora o nosso vinho também vai ter espaço, e isso também é importante para o setor. O mercado lá fora vai ter mais oportunidade de receber os produtos brasileiros.”

Para o consumidor, a especialista vê apenas pontos positivos, já que a demanda de produtos pode favorecer a competitividade e ofertas mais atrativas para quem consome. Já para os empresários, é uma via de mão dupla: “vai aumentar a concorrência dos produtos que antes não entravam no Brasil, mas ao mesmo tempo terá acesso lá fora”, completa Simone. Produtos como frango, que já é amplamente comercializado, devem seguir na ponta do comércio, se beneficiando com as isenções tributárias de exportação.

Questionada sobre os motivos que fizeram com que o acordo demorasse tanto para sair do papel -cerca de 20 anos-, a profissional fala em “jogo de vaidades”. No entendimento da professora, dentro de um bloco econômico os países precisam convergir, o que não vinha acontecendo no Mercosul. “Cada país com uma economia, com medidas protecionistas, puxando pra si e não para o bloco. Muitos acordos não aconteceram por causa disso”, ponderou.

Plano Real 

Simone ainda fez elogios ao Plano Real, que nesta segunda-feira completa 25 anos. Ela diz que o formato deu “muito certo”, e que dificilmente a situação de inflação em números exponenciais se repita no país. “Passamos por muitos planos que deram errado, mas o Plano Real conseguiu restabelecer a segurança econômica”, avaliou.