Serviços regionalizados na Saúde geram reclamações no Rio Grande do Sul

Pacientes do interior alegaram do atendimento para trabalhos de alta e média complexidade via SUS

Hospital Universitário é um dos locais que presta atendimento | Foto: Fernanda Bassoa / Especial / CP

Pacientes de municípios de fora da região Metropolitana, mas que têm Canoas como referência para serviços de alta e média complexidade via SUS, reclamam que não está sendo prestado o devido atendimento. Os Hospitais de Pronto-Socorro e Universitário são referências para 156 municípios, conforme pactuação com o Estado. Já o Nossa Senhora das Graças é referência em traumatologia, ortopedia, neurologia clínica e cirúrgica para 82 cidades.

A secretária de Saúde de Muçum, Roseli Donatti Didomenico, diz que a situação ocorre desde 2015, mas que no ano passado piorou. “Há pessoas que fizeram cirurgia em novembro e até hoje não passaram por revisão. Não aguentamos mais o descaso com a população. Sabemos que Canoas recebe incentivos do governo para que os hospitais atendam os pacientes de fora. Casos de urgência e emergência não estão sendo atendidos com prioridade.”

Neste ano, segundo Roseli, das 18 consultas eletivas agendadas, três foram atendidas e, dos quatro casos de urgência, foram efetivados dois. “Queremos dialogar com o governo para sabermos de fato quais os valores destinados a nós. Precisamos mudar isso. Queremos administrar o recurso com nossas próprias mãos. A queixa não é só minha, mas de 37 municípios.”

Demora

A secretária de Imigrante, Regiane Mollmann, representante da 30ª Região do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), reclama da demora entre um procedimento cirúrgico e a avaliação. “Quando o paciente retorna à consulta, os exames já estão vencidos. Sem falar que se negam a receber os pacientes. Nos finais de semana, isso piora. Nossa ideia é assumir a gestão dos recursos. Queremos um serviço eficaz e mais próximo da nossa região.”

O Hospital Nossa Senhora das Graças informou que a regulação do atendimento em Canoas é de responsabilidade da prefeitura, sendo a casa de saúde um prestador de serviços que atende os pacientes encaminhados, conforme o plano operativo assinado com o município em 18 de maio. No caso de consultas eletivas, os usuários são encaminhados pela prefeitura. O HNSG recebe uma média de 400 pacientes por dia na emergência e no pronto atendimento, incluindo SUS, convênios e particulares.

A Secretaria da Saúde de Canoas informa que presta o atendimento a todas as cidades referenciadas e que o número de procedimentos e consultas teve queda acentuada no final do ano passado por razões como o atraso nos repasses para o custeio e a baixa produção apresentada pelo antigo gestor do Hospital Universitário. Segundo a pasta, desde que a prefeitura assumiu a gestão do local o número de atendimentos cresceu.

Também conforme a secretaria, com relação aos atrasos dos incentivos estaduais, ainda existem pendências. Em reunião com prefeitos e secretários na Famurs, em 20 de maio, o governo estadual confirmou o pagamento da dívida com os municípios em 16 parcelas. A pasta diz ainda que não há atrasos de repasses do governo federal. “A continuidade em ser referência para outras cidades é uma discussão interna entre as secretarias estadual e municipal, que sempre irá prezar pela excelência no atendimento aos cidadãos.” A Secretaria Estadual da Saúde foi procurada, mas não encaminhou sua manifestação até o fechamento da edição.