MP que abre setor aéreo ao capital estrangeiro passa no Senado proibindo cobrança de bagagem

Trechos incluídos na medida ainda podem ser vetados pelo presidente Jair Bolsonaro

Crise na companhia aérea teria gerado dívida de R$ 5,5 milhões com terminal gaúcho | Foto: Alina Souza / CP Memória

O plenário do Senado aprovou, nessa quarta-feira, a Medida Provisória (MP) 863/18, que permite que as empresas de aviação com sede no Brasil tenham participação ilimitada de capital estrangeiro. Com isso, deixa de existir o limite de 20%, válido hoje para as aéreas operarem no País. A matéria segue, agora, para a sanção presidencial.

O texto aprovado incluiu o fim da cobrança por bagagem despachada. Nas linhas domésticas, a franquia de bagagem por passageiro volta a ser de 23 kg, em aeronaves acima de 31 lugares. Nas linhas internacionais, a franquia vai adotar o sistema de peça ou peso, seguindo uma regulamentação específica. Apesar da definição estabelecida pelo Congresso, os trechos incluídos na medida ainda podem ser vetados pelo presidente Jair Bolsonaro.

Já a proposta de condicionar a rotas regionais, por um mínimo de dois anos, 5% dos voos das companhias estrangeiras ficou de fora da MP. Os deputados também rejeitaram uma emenda que previa a operação de voos internacionais por tripulantes brasileiros, ressalvada a possibilidade de no máximo 1/3 de tripulação estrangeira.

As duas emendas rejeitadas pelos deputados devem ser incorporadas ao conteúdo do Projeto de Lei (PL) 2.724/2015, aprovado no mês passado na Câmara. O PL permite ao capital estrangeiro controlar empresas aéreas com sede no País, reformula regulamentos do setor de turismo e aguarda votação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado.

Investimentos no setor aéreo
A MP aprovada nesta quarta-feira muda o Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei 7565/86) ao modificar as condições para outorga de concessão para exploração de serviços de transporte aéreo regular e não regular. Ao ser editada ainda pelo ex-presidente Michel Temer, o governo ressaltou que o limite de até 20% de participação de capital estrangeiro fazia do Brasil um dos países mais fechados a investimentos do setor aéreo.

Ao editar a MP, o governo argumentou que o dispositivo também busca estimular aspectos como o aumento da competição e a desconcentração do mercado doméstico, o aumento da quantidade de cidades e rotas atendidas pelo transporte aéreo regular e a redução do preço médio das passagens.