Bolsonaro descarta participação em atos pró-governo no domingo

Presidente se reuniu com ministros, nessa manhã

Foto: Marcos Corrêa / PR

O presidente Jair Bolsonaro afirmou a aliados, nesta terça-feira, que não vai participar das manifestações convocadas para o domingo em apoio ao mandato dele. De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, o presidente falou sobre o assunto com ministros durante a reunião do Conselho de Governo, no Palácio da Alvorada, pela manhã. Pessoas próximas dizem que o objetivo é demonstrar “respeito pelo cargo e por suas responsabilidades”.

Há atos previstos em pelo menos 60 cidades, em todas as capitais e no Distrito Federal. Ainda que o objetivo central seja o apoio às pautas do Planalto como a Previdência, o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro e a Medida Provisória 870 – que reorganiza a estrutura do governo e está sob ameaça de perder a validade -, alguns grupos defendem o enfrentamento a partidos do chamado Centrão e a criação da CPI da Lava Toga, além do impeachment de ministros do Supremo como Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Gilmar Mendes.

Levantamento da reportagem do Estadão nas redes dos 54 deputados do PSL identificou que pelo menos 19 fizeram convocações. Outros parlamentares destacaram nas redes a importância das pautas do governo no Congresso, mas não falaram explicitamente sobre as manifestações de domingo.

Dos quatro parlamentares do PSL no Senado, dois se manifestaram – Major Olímpio (SP) e Soraya Thronicke (MS). Flávio Bolsonaro (RJ) e Juíza Selma Arruda (MT) não fizeram publicações sobre o ato.

Formalização

À noite, o Palácio do Planalto formalizou que Bolsonaro não participa das manifestações. Segundo o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, apesar de apoiar o movimento, o presidente quer manter-se distante.

“Ele [Bolsonaro] entende que a sua posição de chefe do Poder Executivo não pode ser mesclada com essa atividade do domingo, que vem alinhar-se com as demandas que a sociedade vem declarando ao longo da semana e mesmo da semana passada. O presidente quer deixar claro o entendimento da importância desse evento, não obstante não quer colocar-se diretamente inserido nesse contexto e tampouco gostaria que os seus ministros o fizessem”, disse Rêgo Barros, em conversa com a imprensa.

O porta-voz refutou o eventual apoio do governo a pautas como o impeachment de ministros do Supremo e o fechamento do Congresso Nacional.

“O governo é um governo democrático, que entende a coparticipação dos Três Poderes para a elevação do nosso país em direção um futuro promissor, de forma que quaisquer que venham a ser as fricções entre os Poderes elas são naturais em uma democracia consolidada como a nossa”, acrescentou.

Mais tarde, no Twitter, Bolsonaro disse que vê os atos convocados para o dia 26 “como uma manifestação espontânea da população”, que, na avaliação dele, “vem sendo a voz principal para as decisões políticas que o Brasil deve tomar”.

“Acredito na harmonia, na sensibilidade e no patriotismo dos integrantes dos Três Poderes da República para o momento que atravessa nossa Nação. Juntos, ao lado da população brasileira e de Deus, alcançaremos nossos objetivos”, escreveu o presidente.

*Atualizada, às 22h27min, para o acréscimo de informações