Centenas de fãs e amigos se despedem hoje (1º) da cantora Beth Carvalho. O corpo da sambista está sendo velado no salão nobre da sede do clube Botafogo de Futebol e Regatas, time do qual Beth era torcedora.
Bandeiras do clube e da Estação Primeira de Mangueira, escola de samba do coração de Beth, foram posicionadas ao redor do caixão. Nas caixas de som, tocam diversos sucessos gravados pela sambista em seus quase 60 anos de carreira. O mangueirense Nelson Sargento, um dos símbolos da Verde e Rosa, que teve uma de suas músicas, Agoniza, mas não morre, gravada em 1978 por Beth Carvalho, também esteve no velório.
Ao se despedir da companheira de música, a também cantora Zélia Duncan disse que o Brasil está chorando a perda da Madrinha do Samba. “O Brasil está chorando [a morte de] uma representante corajosa, de um talento raro, que contribuiu imensamente para a música brasileira, para o pensamento brasileiro e para mulher brasileira. O repertório de samba da Beth é o mais lindo do Brasil e um dos mais completos”, declarou.
A cantora Teresa Cristina lembrou que, apesar da saúde debilitada dos últimos anos, Beth Carvalho nunca se deixou abater. “Uma pessoa que convive 12 anos com dor. Às vezes, com qualquer mal-estar, a gente fica em casa e não consegue cantar. E ela quis cantar até o último dia. Ela queria cantar no dia 5”, disse a cantora, referindo-se ao show de aniversário da sambista, marcado para o próximo domingo (5).
Segundo o empresário da sambista, Afonso Carvalho, mesmo internada no hospital, Beth não conseguia ficar parada. “Ela foi uma guerreira que buscava nos palcos a força para se manter confiante, com alegria. Ela estava agora numa situação delicada, fragilizada e ela idealizou fazer o aniversário dela no palco do Vivo Rio. Era difícil para uma pessoa comum olhar aquela pessoa no leito do hospital se programando para fazer um show”, explicou.
Um dos principais nomes do samba, Zeca Pagodinho lembrou o apoio que Beth Carvalho deu a novos talentos da música brasileira, inclusive a ele próprio, no início de sua carreira. “Ela botou muita gente lá em cima. Costumo brincar que eu era um simples compositor e virei um Zeca Pagodinho por causa da Beth. Meu negócio era compor. Ela me pôs para gravar ‘Camarão que dorme a onda leva’ com ela e eu virei esse Zeca Pagodinho que o Brasil hoje aplaude”, recordou.