Bolsonaro fala que só libera tropas contra o crime se houver “retaguarda jurídica”

Eventual prorrogação da intervenção federal no Rio depende de novo decreto, a ser assinado pelo presidente eleito

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) disse hoje que não pretende colocar o Exército para combater criminosos se houver risco de punição a militares que atirarem. Ele deu a declaração em um quiosque na orla da praia na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, próximo à entrada do condomínio one mora. Ao voltar de um evento na Vila Militar, ele parou para tomar uma água de coco. Jornalistas aproveitaram para questioná-lo sobre o futuro da intervenção federal na segurança pública do estado fluminense.

“Não é possível você pegar um garoto de 20 anos de idade, servindo as Forças Armadas, engajado, e, havendo um confronto, você submetê-lo a uma auditoria militar para pegar 30 anos de cadeia. Isso é inadmissível”, disse.

Conforme o decreto em vigor, a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro deve se encerrar em dezembro. Uma eventual prorrogação depende de um novo decreto a ser assinado por Bolsonaro após a posse. Ontem, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) disse que a intervenção no Rio não vai continuar em 2019. Ele disse preferir recorrer a operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), quando as Forças Armadas são acionadas pelo presidente para manter a segurança pública no território nacional.

“Não colocarei minha tropa na rua sem retaguarda jurídica. Não quero visitar soldado humilde, com 20 anos de idade, na cadeia por ter atirado em um bandido. E isso passa pelo parlamento brasileiro”, disse.

O presidente eleito disse ainda que policiais civis e militares correm risco de vida. “Estamos enfrentando bandidos fortemente armados. Temos que ter retaguarda jurídica, porque o policial civil e militar tem família, tem responsabilidades. Ao raciocinar se vai atirar ou não no bandido, há um lapso de tempo que pode significar a vida dele ou 30 anos de cadeia. Não queremos mais isso. Bandido armado na rua pode atirar e a responsabilidade é do presidente da República”.

Bolsonaro também confirmou que vai a São Paulo no domingo para assistir a partida entre Palmeiras e Vitória pela última rodada do campeonato brasileiro. Ele recebeu um convite da diretoria do clube paulista. “O Palmeiras já é campeão e o Vitória está rebaixado. Então é um jogo de compadres”.