Grupo mantém barricada e depreda dois ônibus na zona Norte de Porto Alegre

Motivados por boato de prisão de um homem que havia tentado sequestrar uma criança, moradores tentaram invadir a delegacia da Polícia Civil no bairro Mário Quintana, mais cedo

Manifestarem promoveram barricadas na noite de ontem./ Foto: Fabiano do Amaral / Correio do Povo

Um protesto, que começou por volta das 13h desta terça-feira, segue gerando reflexos na zona Norte de Porto Alegre. Cerca de 40 pessoas seguem nas proximidades da rótula entre as avenidas Protásio Alves e Manoel Elias. Os manifestantes colocaram fogo em materiais sobre a via e depredaram dois ônibus. Conforme a Brigada Militar, a corporação conseguiu evitar a depredação de outros cinco. No ponto alto da ocorrência, a BM registrou a presença de mais de 300 pessoas no local. A orientação é para que os motoristas façam desvios pela avenida Manoel Elias.

O tenente-coronel André Córdova, responsável pelo Comando de Policiamento da Capital (CPC), explicou que os PMs foram acionados ainda à tarde para auxiliar na proteção de uma delegacia de polícia durante um tumulto. Motivados por um boato sobre a prisão de um homem que havia tentado sequestrar uma criança, moradores tentaram invadir a delegacia da Polícia Civil no bairro Mário Quintana, na zona Norte.

Segundo Córdova, após os ataques aos ônibus, a BM jogou bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral e, simultaneamente, a Policia Civil, realizou ação de dispersão do público que permanecia em frente à delegacia. O comandante apontou que seguem ocorrendo “pequenos confrontos” com pessoas que permanecem fazendo barricadas na região. Córdova classificou os manifestantes remanescentes como “extremamente violentos”, portando facões, pedaços de madeira e pedras.

Há relatos, ainda preliminares, de que uma viatura da BM chegou a ser atingida por disparo de arma de fogo. Ainda não há informações sobre a ligação desse registro com os protestos. Córdova informou que o policiamento deve permanecer reforçado “até estabelecer a ordem no local”.

O boato ocorreu um dia após a menina Eduarda Herrera de Mello, de nove anos, ter sido encontrada morta em Alvorada. Ela havia sido sequestrada brincando em frente de casa no bairro Rubem Berta, na zona Norte, na noite de domingo. A polícia ainda não conseguiu encontrar o responsável pelo crime.

Nesta terça-feira, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima (DPCAV) mostrou preocupação com a proliferação nas redes sociais de fotos de diversos homens parecidos com o autor do crime, elevando os riscos de injustiças e até linchamento. Na internet, já circula, inclusive, uma suposta conclamação em nome de apenados de todos os presídios gaúchos para que qualquer uma das facções criminosas capture o assassino da criança.

Ontem, cerca de 200 pessoas participaram de mobilização no mesmo local. Moradores relataram casos de crianças que vêm sendo abordadas com frequência na região por pessoas suspeitas. Os manifestantes já haviam feito um protesto semelhante, no início da tarde desta terça, cobrando uma resposta do Poder Público.