Após ataques, campanha por placas de Marielle já arrecada R$ 28 mil

Movimento começou após destruição de homenagem à vereadora assassinada

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Menos de um dia depois que circularam nas redes sociais imagens de dois candidatos do PSL exibindo a placa destruída que fazia homenagem à vereadora Marielle Franco, na Cinelândia, uma campanha feita por simpatizantes e apoiadores das causas defendidas por ela já arrecadou hoje 14 vezes o valor definido como meta para fazer novas placas, com o mesmo fim.

O valor estipulado era de R$ 2 mil para a confecção de 100 placas. Em apenas 24 minutos, a quantia foi obtida. Por volta das 15h desta quinta-feira, as doações já batiam R$ 28 mil com a adesão de mais de mil pessoas. A organização da campanha vai confeccionar mil placas e destinar o dinheiro restante para outras ações de homenagem à vereadora.

A homenagem havia sido colada sobre uma das placas que identifica a Praça Floriano (Cinelândia), no centro do Rio de Janeiro. A placa, não instalada pela prefeitura, mudou informalmente o nome do logradouro para rua Marielle Franco, informando: “Vereadora, defensora dos direitos humanos e das minorias, covardemente assassinada no dia 14 de março de 2018”.

Campanha da placa
A campanha para fazer novas placas partiu do site de humor Sensacionalista, que posta notícias falsas abordando, com ironia, questões políticas e sociais do Brasil e do Mundo. Sócio do site, o jornalista Nelito Fernandes conta que a equipe ficou estarrecida quando viu a imagem da placa quebrada e decidiu agir para reconstruir a homenagem à vereadora.

Para não ser acusada de “incitar o vandalismo”, a campanha vai imprimir placas de tamanho diferente do padrão de identificação das ruas do Rio de Janeiro e distribuir as homenagens no dia 14 de outubro, quando o assassinato completa oito meses.

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Retirada da placa
Em um vídeo postado nas redes sociais, o candidato a deputado estadual Rodrigo Amorim, e o candidato a deputado federal Daniel Silveira, ambos do PSL-RJ, aparecem retirando a homenagem da placa, colocada na esquina da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, onde Marielle cumpria o primeiro mandato.

No vídeo, Daniel defende que o assassinato não justifica colar a placa, o que classificou de vandalismo. Já Rodrigo lembra que outras 60 mil pessoas foram assassinadas no país.

Dias depois, os candidatos levaram a placa a um ato político para apoiadores em Petrópolis, na Região Serrana. Em mais um vídeo postado nas redes sociais, Amorim e Silveira exibem a placa quebrada ao meio. Os dois foram fotografados com os pedaços da placa nas mãos, e as imagens se espalharam nas redes.

Com a repercussão, os dois políticos fizeram uma transmissão ao vivo no Instagram afirmando repudiarem o assassinato de Marielle e defendendo que os algozes devem ser investigados e punidos severamente.

Na gravação transmitida na internet, eles dizem que não vão pedir desculpas e defendem que retiraram a homenagem como uma pichação qualquer, sem a intenção de atingir a imagem da vereadora, porque a intenção era restaurar o patrimônio público depredado.