Série francesa “La Mante” e a abordagem psicológica em narrativas criminais

Série premia o espectador que gosta de suspense e carga emocional elevada

A série francesa “La Mante” (A Louva-a-Deus) é uma surpresa do gênero criminal/policial. A produção conta a história de Jeanne Carrot, que cumpre prisão perpétua em um confinamento solitário. Ela é uma criminosa confessa de ter assassinado oito homens, há 25 anos. Ou seja, temos em cena uma serial killer. A Louva-a-Deus justifica seus homicídios como um “serviço para a sociedade”, já que ela matava pedófilos, estupradores e abusadores em geral.

A abordagem psicológica da série é retratada desde o primeiro episódio. Um imitador está a solta, matando homens da mesma maneira que Jeanne matava. Presa e isolada, a Louva-a-Deus alega que pode ajudar a polícia a encontrar o imitador, mas com uma condição: ela só falará com seu filho, Damien Carrot (Fred Testot), que trabalha na polícia. Essa narrativa não é tão original, já que em The Blacklist, por exemplo, bandido trabalhando com a polícia também está presente.

Jeanne e o filho, Damien./ Foto: Divulgação.

Durante toda a série somos questionados se as atitudes de Jeanne são verdadeiras, ou se ela segue sendo uma grande manipuladora. A atriz Carole Bouquet, que dá vida a serial killer, é de uma frieza impressionante e um olhar profundo, o que deixa a série melhor. Todo o cenário parece ser representado de forma tensa, para nos deixar atentos aos diálogos, principalmente quando a polícia está analisando as imagens dos novos assassinatos.

Mesmo a série sendo de crimes, não espere que tudo seja focado nisso. Por vezes, os homicídios ficam em segundo plano. Com uma assassina que não se arrepende, um filho abalado psicologicamente e que odeia a mãe, a série é permeada por segredos e momentos de: “o que?!”.

Como não poderia deixar de ser, toda a relação dela com o filho, com os demais policiais, o suspense nas relações e os segredos que Damien esconde da própria mulher vão criando uma trama que explode nos dois últimos episódios. No final, o espectador descobre o que fez a jovem Jeanne se tornar a maior assassina de Paris e como isso afetou (e afeta!) a vida de muitas pessoas.

Equipe policial encarregada da investigação./ Foto: Divulgação.

O imitador da Louva-a-Deus também carrega uma carga emocional fortíssima e acha que está fazendo justiça. Quando a identidade do novo assassino é relevada, não chega a surpreender os espectadores mais atentos. Aliás, a série tem uns pontos bem óbvios e alguns episódios são um pouco arrastados.

De modo geral, a série é boa, ainda mais quando está inserida em um contexto que privilegia produções americanas. Um dos principais elogios para La Mante é que ela não deixa pontas soltas. Todo o arco aberto para o início da narrativa é fechado, sem aqueles pensamentos sobre o que aconteceu após os créditos subirem.

A série está disponível no catálogo da Netflix. Ela foi produzida pelo canal francês TF1. Exibida em 2017, já foi finalizada. La Mante tem uma temporada, com seis episódios e uma média de 50 minutos por capítulo.