Artigo: Desenvolvimento territorial em terras pecuárias

Ao pensarmos a pecuária é imprescindível sabermos onde estamos situados. Em que território estamos, quais são as vantagens competitivas e quais os gargalos a enfrentar, por Roberto Grecellé, Coordenador estadual de pecuária de corte do SEBRAE RS.

Sempre que a pauta é pecuária competitiva, logo entramos em discussões e estratégias que percorrem temas como o aumento de produtividade, a eficiência produtiva dos rebanhos e a rentabilidade dos sistemas pecuários. Normal se estivermos focados no sistema produtivo, na unidade de negócio.

Contudo, ao pensarmos a pecuária é imprescindível sabermos onde estamos situados. Em que território estamos, quais são as vantagens competitivas e quais os gargalos a enfrentar. Nesta lógica, muito além da fazenda do “seu Zé”, é preciso ampliar a visão para o entendimento do todo, com o objetivo de que a atuação de cada produtor rural se dê por meio e para um benefício maior, que é desenvolver sua região.

Podemos definir desenvolvimento territorial como fenômeno de instrumentalização de uma região estrategicamente focado para o pleno aproveitamento de oportunidades econômicas e sociais.

Região desenvolvida é aquela que consegue usufruir de forma inteligente da sua vocação e de sua estrutura, beneficiando sua gente. Ao orquestrar esses elementos de forma objetiva é possível chegar ao desenvolvimento do território.

Desenvolvimento territorial garante a soberania e a sustentabilidade de uma região. Ao ponto que se organizam e orientam todos os recursos de uma região (principalmente, financeiros, humanos e de infraestrutura) para um macro-objetivo comum, é possível que se atinjam: o bem-estar “total” da sua população; a geração de riqueza para a região (desde a microeconomia regional, oriunda do somatório dos sucessos e bons desempenhos individuais dos diversos empreendimentos); e a contribuição direta para o desenvolvimento de um Estado ou nação.

Desenvolvimento territorial em terras pecuárias

Nesse contexto o conceito de “bem-estar” encontra-se sustentado por condições de moradia, empregabilidade, geração de divisas, acessos aos serviços de saúde, infraestrutura urbana, acessos estratégicos e educação de qualidade.

Ponto importante – e por vezes negligenciado – é a satisfação de uma população com a sua região. Assim, trabalhar, desfrutar e oportunizar condições ideais para as famílias podem ser representados por um “índice de felicidade” como termômetro deste fenômeno.

Dentre os fatores desencadeadores do desenvolvimento territorial, destaque para:

• Necessidades: a visão da insuficiência regional e da necessidade de melhorias e avanços é claro indicativo para o desenvolvimento territorial.

• Oportunidades: fenômeno captador de empreendimentos, ideias e negócios que promovam novos negócios, de forma a colher vantagens competitivas que até então estavam sendo desprezadas.

• Conhecimento: ensino, pesquisa e extensão como elementos-base, garantidores e promotores do processo de desenvolvimento. Ter “competências para” é indispensável (especialistas, centros de difusão do conhecimento e modelos práticos aplicados).

• Organização: capacidade de orquestrar necessidades, organizar saberes e estabelecer planos de ações. Estabelecimento de estratégia e método.

• Atitudes: ações que têm a capacidade de realizar. Transformar ideias em projetos e transformações concretas.

E para finalizar este raciocínio fica o desafio do propósito coletivo e do engajamento dos mais diversos atores da região para que “a coisa aconteça”. Mais do que vontades e possibilidades individuais, o desenvolvimento territorial requer um ponto de partida coletivo, com clara definição de um propósito central e muita colaboração para atingimento do objetivo comum. E estando a pecuária entre os setores econômicos importantes de uma região, produtores rurais têm a oportunidade de contribuir e protagonizar mudanças que impactem muito além das quatro linhas da sua propriedade.

Avante por essa caminhada!

Fonte: SEBRAE RS