Se existe um queijo 100% artesanal é o serrano, considerado o mais antigo do Rio Grande do Sul. Os primeiros registros são de antes da Revolução Farroupilha e a receita dataria dos anos 1700. Técnicos da Emater explicaram as características dessa especiaria a uma atenta plateia no estande da empresa, na manhã dessa sexta-feira (31), durante a 41ª Expointer.
Típico da região dos Campos de Cima da Serra, o queijo artesanal é fabricado até hoje da mesma maneira e sem pasteurização. “Sua produção vem desde os tempos da colonização açoriana. A receita teria vindo com os primeiros imigrantes portugueses que aqui chegaram”, explicou o zootecnista João Carlos Santos da Luz.
Atualmente são cerca de três mil famílias que vivem da produção do laticínio em 16 municípios gaúchos e outros 18 em Santa Catarina. “Este queijo tem uma importância muito forte, não só economicamente, mas também no que se refere ao meio ambiente, pois suas características tem a ver com o clima, solo, temperatura, altitude. É o que os franceses classificam como terroir”, informou Luz.
“Além de ter importância vital na economia dos Campos de Cima da Serra, ele remonta aos tempos do ‘tropeirismo’, ou seja, os tropeiros o fabricavam e saiam pelo Rio Grande trocando o alimento por outros produtos”, acrescentou o zootecnista Jaime Eduardo Ries. A receita passada de geração em geração é a mesma trazida há 200 anos. “Hoje trabalhamos muito a questão microbiológica, pois se trata de um queijo não pasteurizado (cru)”, destacou.
O queijo artesanal serrano foi reconhecido após sua regulamentação ser sancionada em 2017. “Temos legislação própria para produção e comercialização, o que beneficiou todos os produtores”, observa Ries. Para valorizá-lo ainda mais, os produtores agora reivindicam o registro de Indicação Geográica (IG) com o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).
Livro e exposição
Há algumas semanas, foram lançados um livro e uma exposição fotográfica para resgatar a história do queijo artesanal serrano. Os projetos reúnem registros coletados pela veterinária Saionara Araújo Wagner, os zootecnistas Jaime Eduardo Ries e João Carlos Santos da Luz, e o fotógrafo Fernando Kluwe Dias.
Fonte: Secom