A arte da cutelaria convida o público, no último dia de programação da 41ª Expointer, a conhecer um pouco mais da prática de forjamento de facas, adagas, espadas e outros objetos cortantes feitos de aço. A tradição gaúcha, que encanta muitos campeiros, trouxe expositores especializados que praticam a forja como forma de lazer, entre o cotidiano de trabalho, ou até como uma segunda profissão. A Feira de Cutelaria e Demonstração de Forja acontece na Pista dos Ovinos, até as 18h deste domingo (2), em frente ao Pavilhão de Gado de Corte, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio.
Há quem tenha se encantado desde pequeno pela cutelaria como Daniel Alano, que aos 14 anos ganhou sua primeira faca trabalhada na forja e a guarda até hoje pela apreciação na arte. Nesta edição, o cerimonialista expõe pela primeira vez na Expointer. “Comecei a participar mais desse mundo e a forjar minhas próprias facas há uns dois anos. Hoje, tenho meu próprio negócio, que é como um rendimento extra”, conta.
Conforme o empreendedor da Cutelaria Alano, durante a exposição, os artigos têm sido mais comercializados a visitantes de outros estados, pela originalidade dos trabalhos e a ausência da tradição de cutelaria em outros pontos do país. São as facas mais rústicas, de forjamento bruto, os tridentes e as garras de urso para espetar a carne de churrasco e as chairas para amolar que chamam mais atenção. “Pelo pouco tempo que tenho de feira, posso dizer que está valendo muito a pena participar. O pessoal gosta bastante do trabalho”, comemora Alano.
Atualmente, são encontrados artigos de cutelaria que variam nas faixas de preço de R$ 250 a R$ 3 mil. Tudo depende do material utilizado no forjamento, o tipo de aço (carbono, virgem, reciclado ou damasco, que é a união de dois ou mais tipos), o estilo da forja e o valor do trabalho artístico. Para se forjar um instrumento como uma faca artesanal é preciso ter muita técnica e acesso a uma forja a gás, que serve como um forno, ou a forja a carvão como era muito utilizada antigamente.
Alexandre Lemes, da Cutelaria Lemes, de Sapucaia do Sul, atua como cuteleiro há cerca de dois anos. Anteriormente, a cutelaria era apenas um hobby para ele, mas se tornou algo cada vez mais sério. Lemes ensina que o aço mais indicado para iniciantes é o virgem ou o carbono, utilizado nas demonstrações da Expointer. Este aço favorece um tratamento térmico (têmpera) com maior dureza e presteza ao trabalho. Durante o forjamento, o aço chega a uns 1,2 mil graus.
“Hoje em dia, a cutelaria é a prática mais artesanal, diferenciada, o mercado está bem aquecido e a gente vende muita coisa. Muitos cuteleiros ministram cursos para iniciantes, que é a melhor forma de começar na arte”, diz. A atividade deve ser sempre que possível amparada pelos Equipamento de Proteção Individual (EPIs), como óculos de proteção facial, luvas, calças e camisetas de manga longa para não sofrer ferimentos ou acidentes.
Quando se trata de churrasco, Lemes dá o conselho: a faca gaúcha é a mais indicada. “Neste caso, temos que puxar pro nosso assado, não tem outro jeito. A faca gaúcha, normalmente, é a mais forjada, campeira e rústica, o que garante mais prática. Aquelas entre oito e dez polegadas são melhores para se trabalhar pelo tamanho e o porte, que facilita a movimentação. Ela é muito melhor do que as industriais também pela durabilidade”, afirma.
Os interessados em aprender as artes da cutelaria podem entrar em contato com a Associação Gaúcha de Cutelaria. A entidade reúne os associados aos segundos sábados de cada mês, no Shopping DC Navegantes, em Porto Alegre, e promove a Feira Anual de Cutelaria em dezembro.
Fonte: Secom