Procura pelo cultivo de sementes orgânicas e crioulas reforça sustentabilidade

O movimento pelo resgate da biodiversidade no RS é apoiado por uma força-tarefa composta por 52 instituições públicas e privadas - Foto: Karine Viana/Palácio Piratini

A busca pela produção de alimentos de qualidade, sem adição de agrotóxicos, que respeitem a agrobiodiversidade gaúcha, tem sido tema latente nas feiras realizadas no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, nos últimos anos. Na 41ª Expointer, a distribuição de sementes orgânicas e crioulas aos visitantes do Pavilhão da Agricultura Familiar continua contribuindo para a conscientização de um plantio sadio com insumos naturais nas propriedades de pequenos produtores.

Os agricultores e engenheiros agrônomos interessados em dar início ou mudar o modo de produção, para uma produção livre de aditivos considerados venenosos e nocivos à saúde humana e ambiental, recebem orientações e assistência técnica da Emater/RS-Ascar, parceira da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, no espaço de Rio Grande Agroecologia, do pavilhão.

O movimento pelo resgate da biodiversidade no estado é apoiado por uma força-tarefa composta por 52 instituições públicas e privadas, com maioria formada por associações de produtores. As políticas de incentivo transversais são todas previstas e monitoradas pelas diretrizes regulamentadas, em 2015, no Plano Estadual de Agroecologia e de Produção Orgânica (Pleapo/RS). Fazem parte do Comitê Gestor também as secretarias do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e Agricultura, Pecuária e Irrigação.

“Atualmente, a gente tem uma grande dificuldade de encontrar uma semente sem agrotóxicos. E quanto menos insumos externos tu utilizares na produção, optando pelos insumos da própria propriedade, melhor será para o sistema”, explica a técnica da Seapi, engenheira agrônoma Sabrina Milano Vaz. “Hoje, já não se conhecem mais as sementes crioulas, mas elas são muito utilizadas ainda por alguns agricultores familiares de povos tradicionais, como os indígenas”, destaca.

Parte desse trabalho de conscientização está na educação rural promovida pelas escolas comunitárias da Associação Gaúcha Pró Escolas Agrícolas (Agefa), no interior do Rio Grande do Sul. Com dez anos de atuação, são mais de 270 famílias envolvidas direta e indiretamente com o ensino técnico atrelado a quatro escolas, que beneficiam a juventude em 45 municípios das regiões do Vale do Rio Pardo, Serra e Sul do estado.

Segundo o secretário executivo da Agefa, Adair Pozzebom, essas escolas alinham as práticas trazidas pelos jovens, que já são aplicadas por suas famílias, e as teorias, que poderão ser utilizadas nas propriedades futuramente. “Nessas escolas, além de se trabalhar conteúdos exigidos pelas leis de diretrizes de base da educação, como matemática e história, o aluno entende um pouco mais da sua realidade dentro da agricultura familiar, conhece a sua comunidade, as suas necessidades e as questões relacionadas a isso para construir um projeto profissional, que é de geração de renda para aplicar na vida real”, esclareceu.

As ações durante a feira são realizadas no Espaço Rio Grande Agroecológico, e além da participação de técnicos da Agefa, os visitantes contam com o apoio da Rede Agroecológica Metropolitana e do programa Sementes, do Banrisul, que possibilitam a distribuição de sementes, inclusive da BioNatur, uma cooperativa de assentados que produzem sementes hortaliças orgânicas e outras variedades, entre elas as crioulas, que são passadas de geração em geração por famílias de pequenos agricultores.

O espaço está aberto ao público das 8h30 às 18h, na Sala de Concursos do Pavilhão da Agricultura Familiar. Para ingresso no parque, a entrada custa R$ 13 ao público-geral e R$ 6 para estudantes e idosos.

Fonte: Secom