Donald Trump retira Estados Unidos do acordo nuclear com Irã

Com a medida, ele cumpre uma promessa de campanha e isola os Estados Unidos no posicionamento contrário à manutenção do compromisso

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou hoje a decisão de retirar o país do acordo nuclear com o Irã. O alívio das sanções não vai ser retirado de maneira imediata, mas em até 90 dias, podendo demorar mais tempo – no total de 180 dias, prazo em que o país pode negociar um novo acordo. Com a medida, ele cumpre uma promessa de campanha e isola os Estados Unidos no posicionamento contrário à manutenção do compromisso.

O pacto em 2015 foi celebrado após um compromisso do Irã em limitar as atividades nucleares em troca do alívio nas sanções de outros países. Ao anunciar a decisão, Trump chamou o acordo de desastroso e disse que o pacto não provê garantias que o Irã tenha abandonado misseis balísticos.

Trump afirmou ter conversado com França, Alemanha e Reino Unido sobre a decisão. Para ele, os recursos liberados ao Irã em virtude do acordo – cerca de U$ 100 bilhões, em ativos internacionais, foram supostamente usados para produção de armas e opressão no Oriente Médio, na Síria e no Iêmen.

Chamado de Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, sigla em inglês), o acordo foi firmado pelo então presidente Barack Obama e o chamado P5+1 – grupo formado pelos cinco países membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, além da Alemanha com o Irã).

O texto final, alcançado depois de muita negociação entre as partes, determinou um patamar máximo de urânio enriquecido do Irã – matéria usada para energia ou armas nucleares. Trump já havia dito que o pacto era “o pior negócio do mundo”.

Durante a manhã, antes do anúncio, altos funcionários do governo Trump avisaram os principais líderes do Congresso dos Estados Unidos para explicar a decisão.

O Irã havia se comprometido a alterar a matriz de produção nuclear para inviabilizar a produção de Plutônio, produto que pode ser usado na fabricação de bombas nucleares, assim como o Urânio.

Dentre os vários termos acordados à época, o pacto previa o limite de centrífugas para enriquecer o Plutônio. Após a celebração do queacordo, a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) afirmou em janeiro de 2016  o Irã vinha cumprindo o acordo.

 

Posição do Irã
O Irã sustenta que o programa nuclear não fere os princípios da paz e que os termos firmados em 2015 eram “inegociáveis”. No domingo, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, afirmou em um pronunciamento transmitido pela TV estatal, que uma ruptura pelos Estados Unidos pode provocar um “arrependimento histórico”.

Ele reafirmou “consequências severas” se Washington decidir retomar as sanções. O país fala que pode voltar a enriquecer o urânio em um curto espaço de tempo e pode abandonar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear.

Posição da União Europeia
Os países da Europa defendem a manutenção do acordo. França e Alemanha tentaram dissuadir Donald Trump no mês passado. O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou durante uma visita a Washington, que para a França, o acordo é de extrema importância para a manutenção do equilíbrio mundial e pela paz entre os países.

A Rússia também já afirmou que defende manter o acordo e que não existe uma “alternativa mais viável”.

A chanceler alemã, Angela Merkel, também visitou Trump em Washington e disse que, apesar de não estar totalmente satisfeita com o acordo, esse era o pacto “possível” de ser mantido.