Boulos promete plebiscito para revogar medidas do governo Temer se eleito

Abrir um plebiscito para que a população decida se quer manter ou revogar todas as medidas do governo do presidente Michel Temer. O pré-candidato à presidência da República, Guilherme Boulos (PSol) afirmou que, se eleito, essa vai ser a primeira providência. O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), tido como um dos principais nomes à esquerda para o próximo processo eleitoral, está em Porto Alegre desde a manhã de hoje, quando visitou a Ocupação Povo Sem Medo, na Zona Norte.
Na visita, Boulos reforçou a luta das ocupações de terra e a reforma urbana como bandeiras, além de ter defendido a legitimidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrer às eleições de outubro. Se eleito presidente, Boulos prometeu chamar um plebiscito logo em 1º de janeiro de 2019, primeiro dia de governo. Ao questionar todas as medidas do atual presidente, o pré-candidato criticou fortemente a aprovação da Reforma Trabalhista, que segundo ele coloca os trabalhadores na informalidade e em um cenário de ausência de direitos, e a Emenda Constitucional 95, que prevê a interrupção de investimentos públicos nos próximos 20 anos. “Foram dois anos de estrago. Para começar a botar o país no eixo precisa desfazer esse estrago”, afirmou.
O enfrentamento ao governo Temer é, de acordo com Boulos, uma pauta que une um conjunto de partido por envolver questões e valores considerados fundamentais pela esquerda. Ao comentar sobre a existência de divisões entre as siglas, o pré-candidato disse considerar natural que ocorra divergência de opiniões. “Na esquerda existem posições diferentes, diversidade. Felizmente, quem quer transformar a sociedade não trabalha na lógica do pensamento único”, explicou.
As diferenças, que admite ter até mesmo com o projeto do PT e aos limites dos governos petistas, não fazem com que Boulos deixe de reforçar que considera legítima a candidatura do ex-presidente Lula, preso desde 7 de abril. “O fato de termos um projeto próprio não quer dizer que a gente vai ser conivente com injustiça. A tentativa de tirar o Lula do processo eleitoral é, evidentemente, um casuísmo. Uma condenação sem qualquer prova e política. Prendê-lo é um absurdo, um disparate.”
Ao defender Lula, o coordenador nacional do MTST não considera que a candidatura ao Planalto possa acabar enfraquecida. “Muito pelo contrário, a fortalece. Porque a coloca como uma candidatura que tem princípios, lados e que não abre mão por qualquer calculo eleitoral”, considerou.
Ele ainda entende que a prisão do ex-presidente expressa uma crise democrática e uma violência política no Brasil, que relaciona, por exemplo, com o assassinato de Marielle Franco no Rio de Janeiro. De acordo com ele, o PSol vai seguir propagando ideais e cobrando para que se descubram os responsáveis pelo crime, revindicação que, de acordo com ele, não é só do partido, mas da sociedade como um todo.
Militante no MTST há 16 anos, Boulos deixou claro aos integrantes e representantes da Ocupação Povo Sem Medo que a bandeira de campanha vai ser a defesa das ocupações por terra e a luta por moradia. “É algo que vamos vocalizar de boca cheia no país afora, em todos os debates eleitorais, porque é uma oportunidade, inclusive, para quebrar preconceitos”, disse.
Além da visita na ocupação da zona Norte, ele tinha na Capital um encontro com a comunidade Palestina, uma aula pública e uma palestra. A agenda continua até a tarde deste sábado.