Via Campesina faz marcha e cobra solução para problemas da estiagem no RS

Foto: Catiana de Medeiros / MST

Ações fazem parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Foto: Catiana de Medeiros / MST
Ações fazem parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Foto: Catiana de Medeiros / MST

Organizações ligadas à Via Campesina, entre elas, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), realizam na manhã desta terça-feira uma série de mobilizações na região Sul do Rio Grande do Sul para cobrar do governo do Estado uma solução para o problema da estiagem que atinge 24 municípios na Metade Sul gaúcha.
Os manifestantes também exigem a retomada da Reforma Agrária, a continuidade da execução do Programa Camponês e a realização de eleição direta este ano. Os camponeses se concentram desde as 7h30, no Trevo do Atacadão do Povo, que dá acesso à cidade de Canguçu, na ERS-265. De lá, darão início a uma marcha pela cidade em direção à BR-392. Conforme a Via Campesina, mais de 2 mil pessoas devem participar das mobilizações, que não têm data para serem encerradas. Para o MST, as ações fazem parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária.
A estiagem que atinge a Metade Sul do Rio Grande do Sul, especialmente as regiões da Campanha, Fronteira Oeste e Sul, tem prejudicado o desenvolvimento de cadeias produtivas dos pequenos agricultores e assentados da Reforma Agrária. Segundo o dirigente nacional do MST, Ildo Pereira, a produção de leite teve cerca de 70% de perda e muitas famílias desistiram da atividade. O cultivo de hortifrutigranjeiros também registrou prejuízos e a falta de chuva por mais de três meses deixou seco 90% dos pequenos açudes.
Diante dessa situação, os camponeses denunciam a falta de comprometimento do poder público com os pequenos agricultores e os assentados em relação à seca e pressionam o governo do Estado a apresentar soluções para o problema. De acordo com Pereira, mesmo após inúmeras audiências para tratar sobre a pauta em Porto Alegre e em Brasília, com as Casas Civis do governador José Ivo Sartori e do presidente Michel Temer, a maioria das famílias afetadas pela estiagem continua desassistida.
Do governo estadual, somente alguns municípios receberam cestas básicas. Já do governo federal, apenas três – Hulha Negra, Candiota e Pedras Altas – receberam recursos para a manutenção de estradas e a limpeza dos açudes.
Neste sentido, os trabalhadores reivindicam que a pauta da estiagem seja atendida em caráter de urgência. Eles exigem cesta básica para famílias em situação de vulnerabilidade; milho para os animais; perfuração de poços artesianos e construção de redes d’água; óleo diesel para as prefeituras; máquinas para limpeza de açudes e bebedouros; doação de caixas d’água; decreto coletivo de situação de emergência; anistia do sistema troca-troca de sementes, de dívidas — FEAPER, FUNTERRA, PRONAF — e de parcelas de financiamentos bancários que vencem este ano; cartão estiagem de dois salários mínimos; R$ 4 mil para manutenção familiar; e crédito emergencial de R$ 5 mil para aquisição de sementes crioulas, mudas e insumos agroecológicos, com arrebate de 80% de pagamento, para pastagem de inverno e recuperação da produção.