Banco Central bloqueia R$ 864 mil em contas ligadas a Delfim Netto

O Banco Central bloqueou hoje quatro contas bancárias em nome do ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto e outras oito em nome de empresas de consultoria controladas pelo economista, após determinação do juiz Sergio Moro, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba. No total, os saldos das contas atingem R$ 864 mil.
Delfim Netto é investigado na Operação Buona Fortuna, a 49ª fase da Lava Jato, como suspeito de receber 10% da propina paga por construtoras que atuaram na obra da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Na última última sexta-feira, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em São Paulo, no Guarujá (SP), em Jundiaí (SP) e em Curitiba. Um dos alvos foi a casa do ex-ministro.
Delfim Netto é suspeita de ter recebido R$ 15 milhões do Consórcio Norte Energia (composto pelas empresas Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e J. Malucelli), por meio de contratos fictícios de consultoria. Além dos 10% remetidos ao ex-ministro, o consórcio enviou suposta propina ao MDB e ao PT. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), cada um dos partidos recebeu 45% dos valores.
Os procuradores pediram o bloqueio de valores e bens no exato montante da propina atribuída ao ex-ministro, mas o juiz Sergio Moro só autorizou o confisco de R$ 4,4 milhões. Após o rastreamento, o Banco Central informou ao magistrado a retenção de R$ 262.337,38 em contas em nome do próprio Delfim Netto, além de R$ 108.370,31 na conta da Aspen Assessoria, R$ 116.131,29 na conta da Buona Fortuna, R$ 334.231,54 na conta da Ideias Consultoria e R$ 43.730,98 na conta da Capres. Todas são empresas de consultoria ligadas a Delfim Netto. Também teve as contas bancárias bloqueadas o empresário Luiz Appolonio Neto, sobrinho de Delfim, com a retenção de R$ 102.551,83 em contas de pessoa física e outros R$ 1.093,03 em uma conta da LDM Assessoria, também uma empresa de consultoria.
Em uma petição ao juiz Sergio Moro, os advogados do ex-ministro Ricardo Tosto e Fernando Agrela informaram que o bloqueio atingiu todas as contas bancárias mantidas por Delfim Netto, extrapolando o limite estabelecido pela Justiça. Eles pediram a Moro o desbloqueio de três das contas do economista, além da liberação das contas vinculadas a empresas, mas o juiz ainda não respondeu ao pedido.