O número de salvamentos nas águas do litoral gaúcho diminuiu drasticamente durante os primeiros 30 dias da Operação Verão com relação à média histórica. Mesmo com o efetivo de guarda-vidas menor em comparação ao verão passado, o Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul realizou apenas 236 salvamentos, o que corresponde a uma diminuição de 63,96% em comparação à média da última década: 655. Estes e outros dados foram divulgados, nesta terça-feira, em Imbé.
O número de mortes por afogamento, por exemplo, no primeiro mês da Operação Verão é nulo. Já na edição anterior, foram registrados quatro óbitos e, nos últimos dez anos, de dezembro a março, 34 mortes ocorreram. Um caso de afogamento na praia de Mostardas, registrado em 5 de janeiro, não é computado porque a vítima morreu já em atendimento médico, e não no mar, nem na areia. Além disso, o local, a 400 metros da guarita mais próxima, é uma região de pesca, e não de banho. O subcomandante do Corpo de Bombeiros, coronel Evaldo de Oliveira Júnior, credita o sucesso da operação ao trabalho desempenhado pelos guarda-vidas e para uma série de ações preventivas que foram adotadas na temporada.
Uma das principais é a utilização das tradicionais bandeiras na beira das praias: verde (mar bom), amarela (cuidado), vermelha (perigoso), azul (pessoa encontrada), púrpura (infestação de águas-vivas) e preta, que retornou à orla gaúcha para indicar risco de morte. “A bandeira vermelha não vinha dando o efeito desejado”, comentou o coronel. Já a bandeira azul serviu para alertar que 581 pessoas foram encontradas, até o momento.
O levantamento de dados levou o Corpo de Bombeiros a traçar um perfil do veranista que sofre acidentes no mar. Na maioria dos casos, o veranista é jovem, entre 16 e 20 anos de idade, entra na água entre 14h30min e 19h, e se afoga na Praia da Cal, em Torres. O local já registra um histórico de afogamentos e, conforme o coordenador do 9º Batalhão do Corpo de Bombeiros, major Jefferson Ecco, isso acontece devido à morfologia da costa, que, dotada de pedras, cria correntes de retorno permanentes.
Outro número considerado bastante positivo dessa Operação Verão é o das intervenções preventivas, ou seja, quando o guarda-vidas, atento aos banhistas, adverte antes que as situações de perigo ocorram. Neste verão, já são 61.984 intervenções contra 23.923 do anterior – 159% a mais. Em alguns casos, como crianças perdidas na praia, a população também ajuda batendo palmas e assoviando para chamar atenção. Segundo Ecco, esse tipo de atitude de fato auxilia no trabalho, mas ele orienta que, além disso, é importante levar a criança para a guarita de guarda-vidas mais próxima.
Os bons números desse verão também surpreendem devido à redução do efetivo. Nesta edição, a Operação Verão conta com 1087 guarda-vidas, entre bombeiros, brigadianos e civis, quatro a menos que no verão anterior. “A população vai, sim, ver eventualmente guaritas sem guarda-vidas, em especial de segunda a quinta-feira, que são os dias de folga”, ressaltou o subcomandante, major Evaldo, que também afirmou que, para suprir esse tipo de necessidade, algumas inovações foram trazidas ao litoral, como a utilização de quadriciclos em locais de menor população.
Outro veículo usado é a moto aquática, que agiliza o salvamento. Segundo o subcomandante, uma nova catalogação já está sendo feita para que mais motos cheguem no próximo verão. Há, ainda, a novidade do uso de drones, que servem tanto para ajudar no salvamento – levando boias infláveis -, como para monitoramento. O equipamento, contudo, este ano está em fase de testes. A expectativa é de que, para o próximo verão, eles estejam disponíveis em larga escala, possivelmente equipados com alto-falantes que auxiliem nas intervenções.
Intervenções preventivas
2017/2018: 61.984
2016/2017: 23.923
Salvamentos
Litoral Norte: 171
Litoral Sul: 14
Afogamentos (Mortes)
2017/2018: 0
2016/2017: 4
Últimos 10 anos: 34
Efetivo
Bombeiros: 331
Brigada Militar: 567
Civis: 189
Total: 1087