Clássico pode aliviar pressão momentânea, mas não resolve os problemas estruturais de Inter e Grêmio

Chegamos à tão esperada semana de clássico em Porto Alegre. A história conta partidas marcantes, algumas até batizadas em função do que aconteceu nelas. Entre tantas lendas que envolvem o Gre-Nal, uma das mais repetidas é a de que quem perde para o rival, se perde no trabalho, enquanto quem chega mal pode, com uma vitória, acalmar o clima de pressão e desalento.
Mas e quando os dois chegam em baixa? Ocupando a segunda metade da tabela, com resultados péssimos nas últimas semanas? Nesse cenário, o pragmatismo e a serenidade de quem comanda o departamento de futebol precisam entrar em campo.
O Inter iniciou o ano com mais expectativa, conquistou o Gauchão, mas o pós-Mundial de Clubes é muito preocupante. Foram poucos bons jogos, eliminações e uma goleada humilhante sofrida em apenas 45 minutos no Allianz Parque. A direção evitou a troca de Roger Machado, que vem sendo questionado com mais intensidade a cada rodada. E se vencer o Gre-Nal? Estará tudo bem? Recuperado? Não acredito nisso.
Já o Grêmio, em um cenário um pouco diferente, parecia ciente das dificuldades que se confirmaram em 2025. Trocou de técnico, não teve força nem vergonha nas campanhas de copa e amarga uma proximidade da zona de rebaixamento que nem o mais iludido dos gremistas contesta. Houve um pequeno respiro em jogos longe da Arena, contra Atlético-MG e Flamengo, mas muito pouco diante da manutenção da fase ruim. Perdeu sem ameaçar o Mirassol, caiu para o Sport, empatou com o Ceará e por aí vai. Somou apenas um ponto nos últimos nove disputados em casa, com um trabalho fraco de Mano Menezes. Também não pode se enganar em caso de vitória no domingo: os problemas seguirão.
Há diferenças nos momentos dos clubes. Ambos estão sem grandes condições financeiras, mas o Colorado lida com maior preocupação em termos de qualificação do elenco. Saíram 11 jogadores e chegaram três, nenhum capaz de empolgar. No Tricolor, até por necessidade, a janela foi mais robusta, o que pode gerar um pouco mais de esperança no pós-clássico — ainda mais em caso de vitória. Entretanto, o desempenho não tem apontado nessa direção.
Por mais prazeroso que seja vencer o Gre-Nal — e além dos importantes três pontos que ajudam a respirar na tabela — o sonho de torcedores, dirigentes e jogadores é arrancar para uma evolução consistente depois do confronto. Acho difícil. Já vamos para outubro ainda alimentando essa esperança. A última, agora, é arrumar a casa com o clássico. Mas, para clubes que têm problemas muito mais amplos, isso não vai adiantar.