
O RegeneraRS, plataforma colaborativa que atua na reconstrução e regeneração do Rio Grande do Sul após a tragédia climática de 2024, e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) estão na reta final do edital do TrilhaRS — programa de matchfunding que irá aportar até R$ 1 milhão para potencializar soluções transformadoras diante dos desafios da emergência climática. As inscrições vão até o dia 31 de agosto. Na prática, o modelo funciona como um catalisador de impacto: a cada R$ 1 arrecadado por um projeto, o TrilhaRS investe mais R$ 2 (sendo R$ 1 do RegeneraRS e R$ 1 do BRDE), triplicando o valor das doações e ampliando a capacidade de transformação das iniciativas. Os valores de apoio variam conforme o porte dos projetos: até R$ 30 mil, R$ 60 mil ou R$ 120 mil. As inscrições estão abertas até 31 de agosto para organizações com sede ou atuação no estado.
O desastre climático que atingiu o estado entre abril e maio de 2024 desencadeou uma das maiores crises sociais e econômicas da história recente do Rio Grande do Sul. De acordo com a Avaliação de Danos e Perdas (DaLA), elaborada pela Cepal, o impacto foi profundo em diferentes áreas. Na habitação, 321 municípios tiveram algum grau de comprometimento de suas moradias, o que representa 14,2% das residências nos municípios afetados e 10,8% do total estadual. Os danos somam R$ 8 bilhões, além de R$ 172,6 milhões em perdas adicionais relacionadas a aluguéis não recebidos e custos emergenciais.
A educação também foi duramente atingida: mais de 3.000 escolas sofreram impactos, afetando a rotina de milhares de estudantes e resultando em perdas estimadas em R$ 929 milhões. Na infraestrutura, estradas, pontes e sistemas urbanos de drenagem foram severamente danificados, com custos de reconstrução calculados em mais de R$ 7,5 bilhões. O setor de saúde também registrou prejuízos significativos. Hospitais e unidades de atendimento foram inundados ou destruídos, gerando um impacto direto de R$ 1,2 bilhão e comprometendo o atendimento em diversas regiões do estado.
Reconstruir este cenário exige mais do que recursos financeiros: demanda inovação, sustentabilidade e soluções adaptadas à nova realidade climática. Por isso, o TrilhaRS contempla projetos em áreas como negócios, habitação, soluções urbanas, saúde mental, educação e cultura e enfrentamento à violência contra a mulher. Segundo Marcel Fukayama, cofundador da Din4mo, organização responsável pela coordenação do RegeneraRS, a ação fortalece a resposta da sociedade civil no processo de reconstrução: “O TrilhaRS é uma inovação em políticas de reconstrução pós-desastre. É mais do que captar recursos,é cocriar soluções a partir da inteligência coletiva e da força das redes locais. Cada real mobilizado representa esperança, reconstrução e um futuro mais resiliente para o Rio Grande do Sul.”
Para o diretor de Planejamento do BRDE, Leonardo Busatto, o programa reforça o conceito coletivo na reconstrução do estado: “Os gaúchos deram enormes demonstrações de solidariedade com a tragédia climática, mas não podemos simplesmente recomeçar do mesmo jeito. Precisamos reconstruir com maior resiliência, algo que o TrilhaRS pretende deixar como legado.”