
O Turismo nacional bateu recorde em maio, faturando mais de R$ 17 bilhões. De acordo com o levantamento produzido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor acumula R$ 90,4 bilhões entre janeiro e maio, o valor mais alto já registrado na série histórica, iniciada em 2012 [tabela 1]. Esse número representa um aumento de 7% na comparação anual.
Segundo a FecomercioSP, o resultado do mês revela um crescimento sólido e disseminado do Turismo, já que apresentou uma tendência positiva para a maioria dos Estados e em todas as regiões do País. Esse desempenho reafirma o setor como um importante vetor de desenvolvimento econômico e crescimento nacional.
Em maio, o Turismo foi incrementado pelo feriado do Dia do Trabalhador, que favoreceu viagens de lazer, e quatro semanas com dias úteis, que beneficiaram as viagens corporativas — atividade relevante para o faturamento do setor.
Como consequência, todos os grupos analisados pelo levantamento registraram crescimento no mês. O destaque, em termos de peso para o resultado geral, foi o transporte aéreo de passageiros, que registrou faturamento de R$ 4,3 bilhões, com alta anual de 12% — gerando um adicional de R$ 460 milhões em um ano.
Em decorrência da queda nos preços médios das passagens (-13,2%, segundo o IBGE, e -3,4%, conforme a Agência Nacional de Aviação Civil — Anac), o setor atingiu 8,2 milhões de passageiros no quinto mês do ano, uma expansão de 14% na comparação anual. O aumento da demanda foi acompanhado por mais assentos ofertados, indicando um momento de ampliação, investimentos e resiliência das companhias, apesar dos desafios operacionais.
A maior alta do mês foi registrada pelo segmento de alojamento, crescendo 15,9% e faturando R$ 1,9 bilhão, um acréscimo de R$ 258,5 milhões em relação a maio do ano passado — número influenciado pela alta de preços, com inflação média de pouco mais de 11%, segundo o IBGE. A FecomercioSP também considera os dados do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), que apontam uma elevação de 9% na taxa de ocupação no mês, variação semelhante à da diária média. Isso indica que tanto a demanda quanto os preços seguem aquecidos no setor.
As agências de viagens, operadoras de turismo e outros serviços relacionados, por sua vez, registraram a terceira maior variação mensal, com alta de 6,4% e faturamento de R$ 1,3 bilhão. Esse resultado é considerado estratégico pela Federação, pois o segmento funciona como um termômetro para o desempenho do Turismo em médio e longo prazos. De acordo com o anuário da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo, a Braztoa, embora a maioria das compras ocorra entre um e dois meses antes da viagem, 44% são realizadas com dois meses e mais de nove meses de antecedência. Dessa forma, o faturamento do setor antecipa expectativas e tendências futuras.
Já o grupo de alimentação também apontou crescimento (4,9%), com faturamento de R$ 2,72 bilhões. A inflação da alimentação fora do domicílio, uma das principais categorias de consumo no Turismo — que acumula 7,7% nos últimos 12 meses, superando a média geral —, ajuda a explicar parte desse resultado. Além disso, o aumento do fluxo de turistas sustenta o bom resultado do segmento.
O transporte rodoviário de passageiros, excluindo o municipal, também cresceu 4,9% no mês, totalizando R$ 2,9 bilhões em faturamento. Trata-se de um meio acessível a todas as faixas de renda, sobretudo as de menor poder aquisitivo, que vem ganhando força após um período de variações modestas.
Análise regional
Como já era previsto pela FecomercioSP, o Rio Grande do Sul foi o grande destaque do mês, com um expressivo aumento de 48,6% em comparação com o mesmo período de 2024 — resultado impulsionado por uma base de comparação bastante fragilizada. Assim, a recuperação reflete, em grande parte, os reflexos da retomada econômica local após eventos adversos anteriores. Por isso, a expectativa é que o Estado continue liderando o ranking nos próximos meses.
O Estado gaúcho também apresentou as maiores altas nos principais segmentos do Turismo, como transporte aéreo, hotelaria, alimentação e demais atividades relacionadas. Contudo, a despeito desse avanço relevante, o atual faturamento (R$ 770 milhões) ainda está abaixo do nível histórico (maio de 2023), registrando uma queda de 5,9%. Em outras palavras, mesmo com a forte recuperação, o setor ainda trabalha para retomar o patamar pré-crise.
Já São Paulo manteve a posição de liderança em termos absolutos, com faturamento de R$ 4,35 bilhões no mês, um crescimento anual de 4,6%. Outras 19 unidades federativas também registraram desempenho positivo em maio, com destaque para Bahia (12,7%), Rio de Janeiro (12%) e Amazonas (10,8%). Por outro lado, Tocantins (-7,9%), Mato Grosso (-7,5%) e Rondônia (-5,4%) sofreram as retrações mais acentuadas.