
No passado, 306 pessoas morreram vítimas de tragédias ambientais no Brasil, o equivalente a quase uma morte por dia, segundo dados da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil.
Os números foram fornecidos por um programa criado pelo Banco Mundial e pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). No caso das mortes, a estatística do último ano cresceu 58% em comparação a 2023, que teve 193 óbitos.
As 306 mortes por eventos climáticos extremos em 2024 foram o quarto maior número do século, ficando atrás de 2011 (957 mortes), 2022 (650) e 2010 (357).
Segundo o levantamento, as fatalidades no ano passado foram causadas, principalmente, por chuvas intensas (242 mortes, 79%).
Em menores proporções, incêndios florestais (10 mortes, 3,27%), movimento de massa (8 mortes, 2,61%) e inundações (7 mortes, 2,29%) também causaram mortes.
Além disso, em 2024 os desastres naturais causaram uma perda econômica de R$ 2,23 bilhões no setor público e de R$ 24,67 bilhões no setor privado, com prejuízos principalmente na agricultura.
Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), 2024 foi o ano mais quente no Brasil já registrado desde 1961, com temperatura média de 25,02°C, acima da média histórica de 1991 a 2020, que foi de 24,23°C.
Com as temperaturas recordes registradas, o país sofreu entre 9 e 10 episódios de ondas de calor. Entre o final de agosto e início de setembro, as temperaturas ficaram 7°C acima do normal em Belo Horizonte (MG) e Brasília (DF), e até 6°C acima do normal em Manaus (AM).
No dia 6 de outubro, por exemplo, as cidades de Goiás (GO) e Cuiabá (MT) registraram as maiores temperaturas máximas: 44,5°C e 44,1°C, respectivamente.
Ondas de frio
Em contrapartida, o Brasil também registrou ondas de frio entre maio e agosto, em especial na primeira quinzena de agosto no Sul, que estabeleceu novos recordes de baixas temperaturas.
Um exemplo, é a cidade de Urupema (SC), onde os moradores registraram neve com temperatura de –4,6ºC. Na sequência, o calor retornou com intensidade. O inverno foi o segundo mais quente desde 1961, atrás apenas de 2023.
Chuvas e inundações
Apesar da seca em algumas regiões do país, como Amazônia, centro-oeste e sudoeste da Amazônia-Pantanal, o leste do Brasil e o Rio Grande do Sul sofreram com a quantidade de água registrada.
Entre abril e maio, o Rio Grande do Sul sofreu com fortes enchentes, que deixaram ao menos 183 mortos e afetaram 2,4 milhões de pessoas de 478 cidades. O governo local considerou a tragédia como a maior catástrofe climática do estado.
O nível do lago Guaíba atingiu o máximo histórico de 5,37 metros na capital Porto Alegre, superando em mais de 60 cm o recorde anterior registrado em 1941: 4,76 metros.
Além disso, a cidade de Mimoso do Sul (ES) registrou entre 300 mm e 600 mm de chuva em 48 horas (22 e 23 de março), o que culminou em enchentes e enxurradas que provocaram a morte de 20 pessoas.
Seca
Desde 1990, a seca severa se tornou mais frequente e severa no país. Entretanto, em 2024 o país registrou a seca mais intensa.
Entre julho e setembro, o número de municípios em condição de seca severa e extrema saltou de 239 para 1.400. Ou seja, aproximadamente 25% dos municípios brasileiros foram afetados.
A seca afetou cidades nos estados do Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.
Incêndios
Entre altas temperaturas e baixas umidades, o ano passado registrou cerca de 1 milhão de incêndios ativos na América Latina, sendo que mais de 47,7% foram no Brasil. O risco foi elevado nas regiões da Amazônia e do pantanal.
Fonte: R7