
Com a elevação dos juros, tarifaço dos EUA sobre as importações brasileiras e outras variáveis macroeconômicas, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) decidiu rever suas projeções para o fechamento de 2025, feitas no final do ano passado. A maior revisão foi nas exportações, que tinham expectativa de alta de 7,5%, mas agora têm projeção de elevação bem maior, de 38,4% sobre 2024, totalizando 551 mil unidades. A decisão norte-americana aumenta o custo de exportação em US$ 960 milhões.
O motivo é a surpreendente recuperação do mercado argentino, que vem demandando grandes volumes de veículos feitos no Brasil. Para o mercado interno, a entidade esperava uma alta de 6,3% de 2025 sobre 2024. Agora, a expectativa é de 2,765 milhões de emplacamentos no ano, o que representa um acréscimo de 5% sobre as vendas no ano anterior. Boa parte dessa revisão se deve ao segmento de caminhões, que vem perdendo tração mês a mês, sobretudo nos modelos mais pesados, voltados para transporte agrícola de longa distância.
Ônibus vivem um bom momento, mas têm menor participação no mercado total. Já entre os veículos leves, os automóveis vivem um momento de estabilidade, enquanto os comerciais leves mantêm viés de alta. Na somatória dos fatores, a grande alta das exportações compensa a leve queda na previsão de vendas, fazendo com que a Anfavea mantenha a expectativa de uma produção de 2,749 milhões de unidades no ano, uma evolução de 7,8% sobre o volume produzido em 2024.
No acumulado do ano, os veículos chineses já chegam a quase 88 mil emplacamentos, 41,2% a mais do que no mesmo período de 2024, com estoques ainda elevados no país. A participação de eletrificados leves nas vendas subiu de 6,7% para 10,9% em um ano, com uma presença cada vez mais relevante de veículos híbridos brasileiros nesse montante. O emplacamento de 160 ônibus elétricos nacionais em julho foi recorde, o que é uma ótima notícia em termos industriais e ambientais. Julho também marcou a estreia do programa Carro Sustentável, responsável pelo aumento de 16,7% nas vendas varejo dos automóveis inscritos, nas três primeiras semanas em vigor.