Estreia de Ramón e Emiliano mostra que pouca coisa ficou da comissão anterior

Se houve mudança no comando técnico, evidentemente, o trabalho anterior não era satisfatório. Mesmo assim, sempre fica algo desenvolvido que pode e deve ser aproveitado pelo novo profissional. No Inter, parece que o trabalho de Ramón Díaz será praticamente do zero. Por diversos motivos, e o jogo contra o Juventude escancara isso.
Mental
Primeiro, a questão anímica. Ela é consequência das demais deficiências. O time do Inter era confiante, as coisas funcionavam, inspirando fases individuais e fazendo com que jogadores não mais do que comuns parecessem excelentes. Agora, parece o contrário. Vendo os jogos do Colorado, ficamos com a equivocada impressão de que ninguém consegue jogar bem, salvo exceções como Carbonero.
Tático
Até mesmo por estilo, taticamente Ramón e o filho Emiliano modificaram o desenho do time. Mesmo assim, o Inter já não funcionava coletivamente há muito tempo. Ou seja, mesmo que quisessem, os Díaz teriam pouco para aproveitar. Aquele modelo arrastado e insistente do Roger definhou, e nem sequer alicerce restou para esta nova construção com os argentinos no comando.
Técnico
Um dos quesitos em que nem o antigo, nem os atuais irão poder mudar muito. A qualidade aparece melhor quando outros setores funcionam. Só que ninguém se torna bom jogador do nada, muito menos já formado. Pode evoluir algumas questões, ajustar outras, mas o talento é aquele. Em que pese o elenco do Inter ter ficado menos qualificado, com saídas e sem chegadas, a limitação está aí — e será com esses jogadores que Ramón e Emiliano irão trabalhar para tirar o time dessa situação incômoda.
Físico
Houve um período em que o Inter do Roger voava. Pressionava alto, sufocava o adversário e tinha força para suportar momentos de pressão de times mais qualificados. Isso sumiu neste ano. Para além das lesões, que não cabem análise aqui por se tratar de assunto científico, os jogadores parecem estar em outra rotação nos jogos. Não se trata apenas de chegar com certo fôlego ao final das partidas (e até isso é discutível), mas de intensidade. Duelos, sprints, pressão no dono da bola — tudo isso inexistiu no fim do trabalho da antiga comissão, neste caso conduzida pelo grande Paulo Paixão. O elogiado novo preparador, Diego Pereira, assim como seus chefes, terá muito trabalho.
Passada a preocupante estreia, ainda com pouco tempo para treinar, a nova comissão técnica tem um desafio multissetorial com o time colorado. Talvez até por isso tenha sido chamada uma dupla de treinadores, e não apenas um.