
Passados pouco mais de 30 dias do início da taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre os produtos do Brasil, um levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), realizado junto às empresas associadas, apurou que a aplicação da medida levou à demissão de milhares de trabalhadores no setor de madeira processada. Desde o anúncio da taxação, em 9 de julho, até 15 de setembro, foram registradas em torno de 4 mil demissões; cerca de 5,5 mil trabalhadores estão em férias coletivas e 1,1 mil em redução de jornada ou suspensão de contrato. E para piorar ainda mais o cenário, caso a situação tarifária persista, projeta-se a perda de aproximadamente mais 4,5 mil postos de trabalho nos próximos 60 dias.
Esse resultado reflete a retração do mercado, segundo a associação, que começou em julho com o cancelamento de contratos e embarques. Desde então, houve redução, também, no fechamento de novos contratos devido à imprevisibilidade tarifária gerada após o anúncio da taxação. O cenário é confirmado, também, pelas exportações de agosto que, em comparação com julho, apontam quedas de 35% a 50% no volume embarcado para os Estados Unidos de alguns dos principais produtos de madeira processada.
NÚMEROS
Pelos números levantados pela Abimci, a manutenção das atuais tarifas agravará ainda mais a situação em toda a cadeia produtiva de madeira processada, resultando em mais demissões. “No nosso entendimento, a única solução é a negociação direta entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos para uma adequação das tarifas e o restabelecimento do comércio bilateral. E essa competência é exclusiva do governo federal que, até o momento, não foi exercida com o necessário bom senso”, diz a nota da entidade.
Em 2024, o setor madeireiro brasileiro exportou US$ 1,6 bilhão em produtos para os Estados Unidos, destino que concentra, em média, 50% da produção nacional. Em alguns segmentos, a dependência é ainda maior, com 100% das vendas voltadas exclusivamente ao mercado norte-americano. A aplicação das novas taxas impostas pelos EUA traz impactos diretos nos cerca de 180 mil empregos formais em todo o Brasil, comprometendo a sustentabilidade econômica e social da cadeia produtiva.