
A Kearney, uma das principais consultorias globais de gestão estratégica, divulgou hoje um estudo, em colaboração com a IEEE Power and Energy Society, que revela a insuficiência de engenheiros com habilidades e capacidades adequadas para gerenciar a evolução do uso de combustíveis fósseis para energia sustentável. As descobertas fazem parte do novo relatório da Kearney, O futuro da força de trabalho em energia, desenvolvido a partir de dados do setor, análises, observações detalhadas e uma pesquisa com quase 200 executivos e engenheiros seniores do setor, além de mais de 770 especialistas em engenharia de 37 países ao redor do mundo.
“Com avanços tecnológicos massivos na necessidade de energia elétrica nos próximos anos, os líderes do setor global de energia precisam compreender a magnitude da escassez de talentos que se aproxima,” disse Claudio Gonçalves, sócio da prática de energia, energia elétrica e utilities da Kearney. “Simplesmente não há engenheiros suficientes com as habilidades e capacidades necessárias para implementar as mudanças exigidas nesta década — e essa lacuna está crescendo.”
O estudo constatou que a indústria não precisa apenas de mais engenheiros, mas de uma força de trabalho mais diversa, com um leque maior de habilidades para viabilizar a transição energética, incluindo competências técnicas como inteligência artificial generativa, aprendizagem de máquina, uso de drones e robôs, além de análises avançadas, gestão de bancos de dados e uma compreensão mais profunda das implicações econômicas, sustentáveis e sociais. No entanto, os currículos de engenharia nas universidades, juntamente com os programas de formação, não estão acompanhando essa demanda, deixando os engenheiros sem as competências multidisciplinares e a expertise digital necessárias para o sucesso.
Mesmo com a demanda por mais talento na engenharia, o setor tem dificuldades em recrutar e reter profissionais. Os dados da pesquisa mostram que quase metade de todos os engenheiros de energia mudou de emprego dentro da própria empresa, passou a outro empregador ou deixou o setor completamente desde 2021. Os principais motivos citados são burnout, trabalho pouco estimulante e dificuldade de fazer uma transição lateral.
Outros setores, como TI e tecnologia, exigem muitas das mesmas habilidades que o setor de energia precisará na próxima década, e estão melhor posicionados para atrair talentos graças à sua imagem mais glamourosa e pacotes salariais mais altos. Essas indústrias podem captar talentos seniores, assim como recém-formados em engenharia buscando seu primeiro emprego.