
A Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS) se manifestou sobre o ocorrido na Cadeia Pública de Porto Alegre no início do mês, quando detentos retiraram os cadeados das celas em um módulo da unidade. De acordo com a pasta, o episódio somou 109 apenados, e não 228, conforme havia sido estimado por agentes penais. A SSPS também negou que uma galeria foi “tomada de assalto” durante a insubordinação.
O fato ocorreu no dia 1º de outubro, na galeria 4, onde estão os presos da facção Os Manos. Ali, enquanto panelas eram recolhidas ao final da refeição, eles subiram na portinhola das celas e destrancaram as travas na parte superior das portas. Isso levou cerca de 45 minutos, tempo em que a área ficou sem vigilância.
Além disso, os cadeados tinham sido posicionados em trancas inferiores e não estavam completamente selados, o que facilitou a ação. Como se não bastasse, o ato passou batido no monitoramento das câmeras.
Os presidiários ficaram soltos no recinto, só não atravessaram o último portão de acesso. Eles ainda colocaram os cadeados dentro de uma fronha, que teria sido entregue aos agentes junto a uma lista de reivindicações. A SSPS garantiu que nenhuma demanda foi atendida.
Após o descuido, o supervisor do dia foi afastado. Porém, na visão de parte da categoria, houve falta de orientações técnicas aos servidores e a medida isentou a gestão da cadeia de assumir possíveis responsabilidades. A reportagem contatou o diretor da CPPA, Renato Penna de Moraes, mas ele não quis fazer comentários.
Conforme a SSPS, o retorno dos presos às celas aconteceu sem uso de força. Ainda segundo a versão oficial, tudo começou a partir da insistência de alguns detentos em permanecerem no corredor da galeria após a refeição.
Marcel Horowitz/Correio do Povo