
Tendência é que o volume de chuva comece a diminuir a partir de sexta-feira | Foto: Ricardo Giusti
O Rio Caí entrou em cota de inundação no final da tarde de quarta-feira, 18, e as primeiras famílias de São Sebastião do Caí foram retiradas preventivamente, com o nível do rio em constante elevação. Desde a terça-feira, a Defesa Civil do município atua com base no plano de contingência, que visa garantir a segurança da população local, já afetada por inúmeras enchentes nos últimos anos.
Conforme o prefeito João Marcos Duarte Guará, ao menos 11 famílias foram retiradas e encaminhadas para abrigos municipais. “Colocamos em operação nosso plano de contingência, conforme a cota do que se estima da água chegar. Vamos atualizando essas retiradas, caso necessário, conforme a atualização da cota”, afirmou o prefeito.
Guará destacou que a cota do rio atingiu 10,60 metros no final da tarde, um nível preocupante, mas que, segundo ele, ainda está muito abaixo dos 17,80 metros registrados na grande enchente de maio do ano passado.
Apesar da diferença em relação ao ano anterior, Giará ressaltou que a situação atual já apresenta desafios. “Estamos indo a cada local no momento necessário, para não causar nenhum pânico para a nossa população. Mas também não podemos deixar as pessoas sem informação, para que elas possam se preparar para qualquer evento climático”, explicou Guará.
Primeiro bairro a ser atingido pelas enchentes, o Navegantes foi o que teve as primeiras famílias retiradas. Entre os moradores que saiam de casa no final da tarde estava Alcides Roberto Pereira da Silva, de 58 anos. Morando há nove anos no local, ele já presenciou inúmeras cheias. “A outra enchente grande (de maio) deixou só o telhado de fora. É triste, já tínhamos conseguido recuperar as coisas e agora temos que tirar tudo para não perder de novo, mas alguma coisa sempre fica”, lembrou.
Segundo o prefeito, embora obras pontuais de desassoreamento tenham sido realizadas no Rio Caí e em arroios internos do município com apoio do governo do Estado, ainda há necessidade de mais intervenções para que as famílias não voltem a ser prejudicadas. “Para fazer o desassoreamento é preciso a batimetria do rio, para entender que pontos têm que ser desassoreados e qual o maquinário adequado para isso”, pontuou.
No início da noite, o governador Eduardo Leite fez uma visita ao município para acompanhar a situação e, conforme Guará as obras necessárias estão entre os pontos levados ao governo do Estado.
Chuva permanece até o final da semana
A Coordenadora de monitoramento da Defesa Civil do Estado, Cátia Valente, também visitou a cidade para conferir o trabalho realizado pelas equipes. Segundo ela, as chuvas intensas, que persistem desde segunda-feira, devem continuar com volumes expressivos ao longo da quinta-feira, com volumes previstos entre 40 a 80 milímetros.
Cátia reforçou que, apesar dos volumes significativos, as condições climáticas atuais não se comparam aos eventos extremos de abril e maio de 2024. Ela explicou que as chuvas são causadas por uma frente fria estacionária, um fenômeno comum no outono e inverno gaúcho.
A tendência é que o volume de chuva comece a diminuir a partir de sexta-feira. Há uma trégua prevista para sábado e domingo, mas as chuvas retornam na próxima segunda-feira, embora com menor intensidade e volumes.