
A MetSul Meteorologia emite um alerta para o Rio Grande do Sul. A formação de um rio atmosférico sobre o estado poderá resultar em chuvas extremas e persistentes, com potencial para alagamentos, enxurradas, inundações repentinas e, o cenário mais crítico, o transbordamento de rios e enchentes.
Os rios atmosféricos são corredores que transportam grandes massas de ar úmido dos trópicos para latitudes mais altas. Essa umidade, quando combinada a ventos de alta velocidade, atua como um “combustível” para chuvas severas. O fenômeno se instala neste início de semana e deve persistir durante toda a semana do Natal.
Dinâmica da instabilidade
O estado enfrentará uma sequência prolongada de dias sob forte instabilidade. A precipitação ocorrerá de forma frequente, alternando momentos de intensidade forte a torrencial. Esse volume concentrado em curtos períodos deve sobrecarregar os sistemas de macrodrenagem urbana, elevando o risco de inundações em diversas localidades.
Volumes de chuva e regiões críticas
Em pontos isolados, o acumulado pode atingir de 100 mm a 150 mm em apenas 24 horas, o que representa entre dois terços e a totalidade da média histórica para todo o mês de dezembro.
Áreas de maior risco: a análise aponta o Centro e o Oeste do estado como as regiões mais vulneráveis. Nestas áreas, em um intervalo de sete a dez dias, os volumes podem somar de duas a três vezes a média mensal.
Projeção de 300 mm: modelos de alta resolução (WRF, GFS e ECMWF) indicam que cidades como Barra do Quaraí, Quaraí, Uruguaiana, Itaqui, Alegrete, Maçambará e São Borja podem registrar acumulados de 200 mm a 300 mm (ou superiores) já nas primeiras 72 horas (até a noite de terça-feira).
Impacto anual: o cenário é tão excepcional que alguns municípios podem registrar, nos últimos dez dias do ano, o equivalente a um quarto de toda a chuva esperada para o ano inteiro.
Riscos hidrológicos e impactos na mobilidade
A persistência do mau tempo afetará diretamente o nível dos rios, com alto risco de cheias nas bacias do Uruguai (sul de São Borja), Ibicuí, Vacacaí, Jaguari e Quaraí.
Serra e Vales: não há previsão de chuva extrema para a Serra, o que mantém o risco de enchentes nos rios Taquari, Caí, Sinos e Paranhana em patamares de baixo a médio.
Porto Alegre: o nível do Guaíba (atualmente em 0,90 m) deve subir, mas a MetSul não antecipa um cenário de gravidade para a Capital, visto que a cota de transbordamento é de 3,00 m.
Estradas: rodovias municipais e rurais podem se tornar intransitáveis devido ao transbordamento de arroios e córregos. A MetSul recomenda evitar terminantemente o atravessamento de trechos alagados, devido ao risco de correntezas e acidentes fatais.
Temporais Isolados
Além do volume hídrico, a combinação de calor, abafamento e alta umidade favorece a formação de nuvens de grande desenvolvimento vertical. Isso pode gerar temporais isolados com intensa atividade elétrica (raios), rajadas de vento forte e queda de granizo.
Fonte: Correio do Povo