
O Instituto Cidades Sustentáveis lança no dia 28 de agosto, em Brasília, a Pesquisa Viver nas Cidades: Desigualdades, levantamento que mostra a percepção da população de dez capitais brasileiras sobre temas como renda, moradia e escolaridade. Realizado em parceria com a Ipsos-Ipec e a Fundação Grupo Volkswagen, o trabalho entrevistou 3.500 pessoas de forma online, nas seguintes cidades: Belém, Belo Horizonte, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
A iniciativa é do Pacto Nacional de Combate às Desigualdades, uma rede que reúne organizações da sociedade civil, entidades de classe, associações de prefeitos, parlamentares e centrais sindicais. Na ocasião, será lançado também o Observatório Nacional das Desigualdades, trabalho que reúne 42 indicadores distribuídos em nove temas e articulados em diferentes dimensões. A pesquisa mostra que 57% dos respondentes, considerando o total da amostra, afirmam que sua renda aumentou ou ficou estável no último ano. Apesar da percepção de estabilidade ou melhoria, no entanto, 56% dizem que precisaram fazer atividades extras para complementar a renda no final do mês. Serviços gerais, como faxina, manutenção, reformas e jardinagem, são as atividades mais mencionadas pelos entrevistados.
“Embora uma parte significativa da população relate que a renda aumentou ou ficou estável no último ano, muita gente avalia que a fome e a pobreza cresceram na cidade em que vive. Esses resultados mostram que ainda temos um longo caminho para reduzir as desigualdades nas maiores cidades do país, e que pensar em uma melhor distribuição de renda é fundamental para reduzir o abismo socioeconômico que separa os brasileiros”, comenta Jorge Abrahão, coordenador-geral do Instituto Cidades Sustentáveis.
MOBILIDADE
A pesquisa investigou também a percepção sobre a condição de vida dos respondentes nos últimos cinco anos, em relação à renda, moradia e escolaridade. Seis em cada dez (61%) dizem que a renda aumentou ou ficou estável no período; para 72%, a condição de moradia melhorou ou se manteve; e 70% dizem que o nível de escolaridade melhorou ou ficou estável.
“A pesquisa evidencia um paradoxo: mesmo com avanços em áreas como escolaridade, a ascensão socioeconômica ainda é um grande desafio no Brasil. Isso reforça a urgência de colocar a mobilidade social no centro da agenda de desenvolvimento do país. Na Fundação Grupo Volkswagen, temos trabalhado para enfrentar esse desafio com ações estruturadas de inclusão produtiva, combinando qualificação profissional, geração de renda e fortalecimento das comunidades. Nosso compromisso é abrir oportunidades concretas para que populações historicamente vulnerabilizadas possam prosperar de forma sustentável, com dignidade e autonomia”, afirma Vitor Hugo Neia, diretor-geral da Fundação Grupo Volkswagen.
O trabalho investigou também a percepção dos entrevistados em relação às condições de vida de seus pais e mães quando eles tinham a mesma idade. Os resultados mostram o seguinte: sete em cada dez (72%) dizem ter alcançado maior grau de instrução, enquanto quase metade (47%) declara ter conquistado melhor condição de moradia e parcela semelhante (45%) afirma que sua renda atual é maior do que a deles na mesma idade.