
Preferência entre os brasileiros desde seu lançamento, o Pix virou alvo de investigação na disputa comercial dos Estados Unidos com o Brasil na última semana. A investigação aberta pelo Representação Comercial dos EUA (USTR, na sigla em inglês) incluiu o meio de pagamento como uma das práticas comerciais “desleais” do Brasil contra os EUA. No centro da disputa as reclamações das bigtechs que sentem prejudicadas pelo serviço de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo brasileiro. Hoje, o Pix é já superou 276 milhões em transações em um único dia.
Um relatório dos pesquisadores do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira (FGVCemif) da FGV EAESP cruzou os dados do Censo Demográfico, do Ministério de Desenvolvimento Social e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com as estatísticas do Banco Central. O documento desenvolvido aponta que a taxa de adesão do Pix no Brasil é de 63%.
A região Sudeste é a que tem a maior aceitação ao meio de pagamento (66,7%) enquanto a menor adesão é no Nordeste (58,3%). No Sul a taxa é de 61,2%, a terceira mais baixa entre as regiões brasileiras. Na média são feitas 32 transações por mês, com o Norte na liderança entre as regiões (41), enquanto o Sul fica na lanterna, com 27 operações por mês. O valor médio das transações é de R$ 190,57 no Brasil e varia entre R$ 147,58 (Nordeste) e R$ 223,80 (Sul).
No recorte por faixa etária, como seria de esperar, a adesão ao Pix é menor nas pessoas mais velhas, mas nesses casos o valor médio das transações é maior. A faixa de 30 a 44 anos é a que tem maior taxa de adesão (54%), enquanto a menor é a que tem 45 anos ou mais (44%). Já em termos de valor, a faixa etária de 45 anos ou mais lidera com R$ 276,3 em termos de valor médio por transação.
Na análise, os pesquisadores avaliam que a aceitação ao Pix é próxima entre os diferentes grupos de municípios. As cidades com menor proporção de beneficiários apresentam menor número médio de operações por mês (24), mas o maior valor médio das operações (R$ 247,3). Já aquelas com maior proporção tem a maior média (33) tem um volume médio de R$ 141,8 em operações.
HISTÓRICO
O dia 21 de dezembro de 2018 foi uma data histórica no sistema de pagamentos brasileiro. Após seis meses de discussões, um grupo de trabalho com 130 representantes de instituições financeiras, de escritórios de advocacia, de consultorias e do próprio governo concluiu os fundamentos do futuro sistema que revolucionou o sistema de pagamentos brasileiro. Naquela data, no fim do governo do ex-presidente Michel Temer, o Banco Central (BC) divulgou um comunicado com as bases do Pix.
O nome Pix só foi lançado em fevereiro de 2020, um mês antes do início da pandemia de covid-19. Na ocasião, o então presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a ideia partiu de uma demanda da população e que vinha sendo bastante discutida pelos Bancos Centrais como instrumento de pagamento barato, rápido, transparente e seguro.
Em outubro de 2020, uma resolução do BC estabeleceu a gratuidade do Pix para pessoas físicas e microempreendedores individuais (MEI). Até hoje, o Pix é gratuito para esses tipos de correntistas, exceto no caso de venda de produtos e de serviços por MEI.
Em cinco anos, o Pix movimentou cerca de R$ 65 trilhões. Em junho deste ano, a ferramenta bateu o recorde mensal de movimentação, com R$ 2,866 trilhões transferidos, com 936 instituições financeiras participantes do sistema. Em novembro de 2020, mês de lançamento do Pix, foram movimentados R$ 25,869 bilhões, menos de 1% do volume registrado no mês passado.
(*) com Agência Brasil