
Em reunião com instituições financeiras que operam o Crédito Rural no estado, a Farsul realizou uma consulta que aponta que os recursos disponibilizados pela MP 1314/2025 são insuficientes para atender a demanda do endividamento dos produtores gaúchos. O resultado confirma a projeção da Farsul quando a medida foi anunciada, em 5 de setembro. O excesso de regulação para acessar os recursos também constituem em um entrave para amenizar o problema que atinge a agropecuária gaúcha.
No encontro, realizado nesta terça-feira, 4, na sede da Federação, representantes do Banco do Brasil, Banrisul, Sicredi e Sicoob fizeram uma avaliação do andamento das tratativas para a efetivação dos acordos, as demandas e dificuldades que vem ocorrendo no Rio Grande do Sul.
O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, abriu a reunião lembrando que a Federação “sempre se pontuou pelo equilíbrio e naquilo que é exequível. Estamos vendo o esforço das instituições em cooperar para que o quadro seja revertido. Esse cenário de endividamento não interessa a ninguém, nem ao sistema financeiro, nem aos produtores”, declarou.
O economista-Chefe da Farsul, Antonio da Luz, ressalta que o valor de R$ 12 bilhões disponibilizados via BNDES não se restringem ao estado, mas são para todo o país.
“Fizemos um levantamento junto com as instituições financeiras e a necessidade de recursos para atender a carteira. Fazendo uma média ponderada, a linha do BNDES está atendendo 20% da demanda do que é elegível, ou seja, de cada R$ 5,00 da dívida, apenas R$ 1,00 é atendido”, descreveu.
“Formulismo”
“Além da escassez de recursos, existe um outro fator que é o formulismo. O excesso de regulação que gera uma enorme dificuldade de entender quem se enquadra, quem não se enquadra, porque existem várias normas que ora deixa uma pessoa enquadrada, mas na semana seguinte ela pode estar desenquadrada”, critica o economista.
A Farsul aponta duas ações necessária para a questão. Aumentar os recursos para o Rio Grande do Sul. A demanda demonstra ser necessário o quíntuplo do destinado até agora. E simplificar a questão normativa que está muito complexa e acaba deixando muitos produtores de fora do enquadramento.
Da Luz também ressalta outro ponto abordado na reunião. As instituições financeiras deverão oferecer, aos seus clientes, recursos livres com juros pré e pós-fixados.
“Para muitos produtores será a única saída, mas uma saída que é preciso ter muito cuidado. Porque com os atuais níveis de juros, esse valor pode se elevar muito. Nós recomendamos que os produtores tenham cautela e avaliem se, para o seu caso, realmente o melhor é a linha de longo prazo. Às vezes existem linhas dentro do MCR que podem parecer não tão apetitosas, porque tem um prazo mais curto, mas no longo da jornada essa linha mais longa vai consumir muito mais sacos de produto. Existem casos e casos, então, e cada produtor tem que fazer suas contas”, avalia.
No encontro, que também teve a participação do diretor vice-presidente e futuro presidente da Farsul, Domingos Velho Lopes, e do diretor jurídico da Federação, Nestor Hein, foi reforçado o posicionamento da entidade em orientar o produtor a evitar pedidos de Recuperação Judicial e obtenção de empréstimos mediante Alienação Fiduciária. “Esses devem ser os últimos recursos dos produtores e muito bem ponderados”, alertou Gedeão Pereira.
Fonte: Correio do Povo