
A presença de uma bactéria resistente dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto do Hospital Municipal de Novo Hamburgo fez com que as equipes evacuassem o setor e realizassem o bloqueio e a desinfecção do local. Sete pacientes precisaram ser realocados para a Sala Amarela e a UTI permanece fechada desde o último dia 4 para higienização. A bactéria, corretamente chamada de Acinetobacter baumannii, é resistente a antibióticos e pode causar infecções graves em ambiente hospitalar e é considerada comum porque vive no ambiente e pode sobreviver por muito tempo em objetos e equipamentos.
Segundo o médico infectologista, Rafael Matiuzzi, nos dias 11 e 15 de julho a UTI recebeu pacientes portadores da bactéria e que já se encontravam com medidas de precaução instaladas (medidas de bloqueio epidemiológico). Dia 16 aconteceu o primeiro caso de transmissão horizontal (transmissão cruzada) dentro da UTI. Dia 22 de julho, o segundo caso e a partir daí medidas de contigenciamento foram iniciadas com intensificação das medidas de precaução de contato e diminuição do fluxo de pessoas dentro da UTI.
Conforme o infectologista, para a desinfecção, foi necessário a realização do bloqueio temporário da UTI, restringindo a entrada de novos pacientes, reforço com as equipes assistenciais e de apoio quanto às medidas de bloqueio epidemiológico. “A evacuação temporária da UTI em casos de surto por Acinetobacter baumannii é necessária para permitir a limpeza e desinfecção terminal completa do ambiente, quebrando a cadeia de transmissão. Esse microrganismo pode sobreviver por longos períodos em superfícies e equipamentos, resistindo a muitos antimicrobianos. A permanência de pacientes durante o processo aumenta o risco de novas infecções graves e potencialmente fatais, especialmente em pessoas criticamente enfermas.”
As cirurgias cardíacas eletivas foram temporariamente suspensas até a mitigação do surto. A Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH) esclarece que tomou as devidas providências tão logo identificou a bactéria Acinetobacter na área da UTI Adulto do Hospital Municipal, informando oficialmente os órgãos competentes de fiscalização sanitária, tanto do município quanto do Estado, garantindo a transparência e a adoção das medidas regulatórias necessárias.
A partir do monitoramento conjunto realizado pela Direção Técnica, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) e demais setores envolvidos, foram adotadas ações de contenção imediata. Os pacientes foram realocados em outras unidades que comportam suas necessidades de tratamento intensivo e estão recebendo todos os tratamentos disponíveis e assistências. Cabe ressaltar que a bactéria não é transmitida pelo ar e, portanto, não expõe os demais pacientes em outros ambientes.
Segundo o hospital, tão logo toda a higienização seja concluída, incluindo a lavagem das cortinas que separam os boxe da UTI, deve ser feita avaliação junto à Vigilância Municipal para a reabertura da UTI.
Fonte: Fernanda Bassôa / Correio do Povo