
O temporal da tarde da última segunda-feira ainda causa transtornos em diversos pontos de Porto Alegre cerca de 18 horas depois, no final da manhã desta terça-feira. De acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), ainda havia sete pontos com quedas de árvores, nas ruas Carazinho, Felizardo Furtado, Surupá, São Mateus, Gaurama, Silveiro e avenida Capivari, com bloqueios ativos de trânsito. Alguns semáforos também ficaram fora de operação.
Equipes da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) trabalhavam na remoção dos vegetais, muitos dos quais bloqueavam as ruas por completo. O secretário da SMSUrb, Vitorino Baseggio, disse ter havido 32 chamadas de quedas de árvores no pico das ocorrências. Na metade desta manhã, 19 estavam sendo atendidas. “Hoje estamos com todas as equipes nas ruas e vamos zerar todas as chamadas. Pode ser que sobre para amanhã algo de recolhimento de galhos”, prometeu o secretário.
O número total de ocorrências desta vez foi maior do que no temporal passado, quando foram 21 pela cidade, de acordo com ele. No entanto, desta vez, uma característica inédita chamou a atenção: o aviso do cell broadcast para Porto Alegre, em que a Defesa Civil Estadual enviou, pela primeira vez desde a implementação do sistema, um aviso sonoro, junto ao visual, para todos os celulares sobre o perigo da tempestade em aproximação. Mas se isto foi uma surpresa para a população, não foi para o secretário.
“Ontem (segunda) de manhã nós tivemos uma reunião da Comissão Permanente de Atuação em Emergências (Copae) e Defesa Civil, então já estávamos de sobreaviso. Já havíamos acionado o comitê de crise quando saiu aquele alerta para a população em geral, nossas equipes estavam todas de prontidão. O prefeito foi avisado ao meio-dia (sobre o alerta)”, destacou Baseggio, dizendo ainda que, pela velocidade do vento, houve “poucos” estragos. “Por isso, deu certo (o alerta). Em outras épocas, (o estrago) era de 50 árvores para fora”.
Secretário promete triplicar equipes para responder a manejos e emergências
Perguntado sobre o motivo de dezenas de árvores caídas a cada chuva na Capital, ele justificou a indisponibilidade de manejo em muitas e o próprio clima em mudança. “Infelizmente, Porto Alegre, mesmo sendo uma das capitais mais arborizadas do país, as árvores são muito antigas, embora algumas sejam preservadas. Não se pode fazer manejo a todo momento. E a severidade destes vendavais é cada vez maior. Então vejo como natural ter este tipo de queda devido à força do vento como a de ontem. A tendência é melhorar isto, mas contra a natureza, não temos muito o que fazer, é inevitável”, comentou ele.
Mas, para reduzir estes impactos, o titular da SMSUrb disse que a partir de janeiro, com uma nova licitação, deverá triplicar o número de equipes de rua dedicadas tanto ao manejo preventivo, quanto à atuação em emergências. Os envelopes foram abertos em novembro e o contrato está na fase de habilitação. O caseiro José Chaves trabalhava em uma residência próxima quando ouviu a árvore caindo sobre a rua Silveiro, no bairro Menino Deus, bloqueando a via. Segundo ele, parte do mesmo vegetal havia incendiado há alguns meses em razão de um acidente de carro. “Quando fomos ver, ela já estava comprometida. E acredito que, pelo incêndio, tenha ficado mais fraca”, comentou.
Em outro ponto, no final da avenida Capivari, no Cristal, parte de outra grande árvore chegou a cair sobre um carro, que estava vazio e não sofreu maiores danos. “Deu só umas trincas no vidro”, disse o dono do veículo, o pintor Jorge Luiz. Segundo ele, o carro já não funcionava antes e precisava de manutenção. A autônoma Silvia do Carmo teve a entrada de sua residência parcialmente bloqueada pela queda do vegetal. Segundo ela, era a única da rua nesta condição. “Há dois anos, havíamos pedido para removê-la, mas nada foi feito. Com certeza o que sobrou vai cair em breve também”, lamentou a moradora.
Foto: Felipe Faleiro/Correio do Povo