
Uma ofensiva da Polícia Federal deflagrada nesta terça-feira tem como alvo uma organização criminosa que desviou R$ 22,5 milhões destinados à área da saúde no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Duas pessoas foram presas, ambas no território gaúcho, sendo uma em Porto Alegre e outra em Gravataí, na Região Metropolitana. A ação conta com apoio técnico do Tribunal de Contas do Estado (TCE/RS) e da Controladoria-Geral da União (CGU).
Batizada de Operação Paralelo Cinco, a ação incluiu o sequestro de 14 imóveis, apreensão de 53 veículos e de uma embarcação, além do bloqueio de valores em contas bancárias. Além dos presos, outras medidas cautelares foram impostas aos 20 investigados, como afastamento de funções, suspensão de atividades econômicas, restrição de acesso a órgãos públicos e proibição de contato entre os envolvidos. Por decisão do Juízo das Garantias da 2ª Vara Federal de Santana do Livramento, ainda foi determinada a designação de interventores nos hospitais municipais de Jaguari e Embu das Artes.
O inquérito policial, iniciado em janeiro de 2024, apurou que um grupo de empresários de Porto Alegre assumiu a gestão dos hospitais de Jaguari e de Embu das Artes. Verificou-se que, somente entre 2022 e agosto de 2025, essas instituições receberam mais de R$ 340 milhões em recursos públicos, valores provenientes de repasses municipais, estaduais e federais destinados ao custeio dos serviços de saúde.
As investigações apontam para um sistema de desvio de recursos públicos, baseado na utilização de empresas de fachada e entidades interpostas, sem capacidade operacional mínima, empregadas para emissão de notas fiscais inidôneas e ocultação da real destinação dos recursos. Os valores repassados eram rapidamente pulverizados para dezenas de contas de pessoas físicas e jurídicas sem qualquer vínculo com os serviços contratados, beneficiando os gestores da organização social e alimentando um sofisticado esquema de ocultação e dissimulação financeira.
Além disso, foram detectados desvios operacionalizados diretamente das contas-convênios, especialmente para o pagamento de despesas estritamente pessoais, como remunerações elevadas a funcionários sem prestação de serviços, contratos fictícios de trabalho, aluguéis de imóveis de alto padrão, viagens de luxo, aquisição de bens particulares e manutenção de vantagens pessoais, tudo financiado com recursos originalmente destinados aos hospitais de Jaguari e Embu das Artes.
A deflagração de hoje visa apreender novos elementos de informação, aprofundar o rastreamento de ativos e reforçar o conjunto probatório já produzido. Os investigados poderão responder pelos crimes de organização criminosa, peculato, lavagem de capitais e outros delitos conexos.
Fonte: Correio do Povo