Mesmo diante de um cenário externo volátil, o Ministério da Fazenda elevou de forma sutil — de 2,4% para 2,5% — a estimativa de crescimento da economia brasileira em 2025.A inflação projetada pelo IPCA também foi revisada para baixo, de 5,0% para 4,9%, puxada por alívio nos preços de alimentos e pela valorização do real. Os dados constam no Boletim MacroFiscal de julho, publicado pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Para 2026, no entanto, a previsão de crescimento recuou de 2,5% para 2,4%. Nos anos seguintes, o número permanece em torno de 2,6%.
“A leve revisão para baixo no crescimento esperado para 2026 repercutiu a previsão de maior expansão do PIB em 2025, além da elevação na expectativa mediana de taxa de juros básica terminal até o fim deste ano”, explica o documento.
Apesar de o documento alertar para riscos crescentes ligados ao cenário internacional, as “projeções ainda não consideram os impactos potenciais da elevação na tarifa de importação dos EUA para o Brasil de 10% para 50%”. O impacto esperado deve ser concentrado em segmentos específicos, como aço e agroindústria.
“A carta que comunicou a elevação da tarifa justifica a decisão por razões apenas políticas, gerando grande insegurança. O impacto da medida deve ser concentrado em alguns setores específicos, influenciando pouco a estimativa de crescimento em 2025″, considera o comunicado.
A Fazenda ressalta, porém, que as tensões com Washington não afetam de forma significativa o cenário macroeconômico geral, ao menos por ora. O governo avalia os possíveis impactos com cautela e promete agir de forma calibrada, se necessário.
DESACELERAÇÃO ECONÔMICA
A revisão para cima do PIB reflete a resiliência do consumo das famílias, impulsionado pela expansão do mercado de trabalho e pela estabilidade no crédito. A produção agropecuária, com destaque para milho, café, algodão e arroz, também contribuiu para o mínimo crescimento. “Apesar desse aumento marginal na previsão de crescimento, permanece a perspectiva de desaceleração econômica nos trimestres à frente”, apontam os técnicos do ministério.
Pelo lado fiscal, a projeção de déficit primário foi mantida em R$ 72,1 bilhões, patamar mais baixo desde outubro de 2023. O dado reforça a percepção de que a meta fiscal do ano — zerar o déficit, com margem de tolerância de até 0,25 ponto percentual do PIB — segue viável, segundo o Prisma Fiscal.
(*) com R7