
Perotá Chingó, dupla argentina formada por Julia Ortiz e Dolores Aguirre, que conquistou o público latino-americano com a suas experimentações musicais, poéticas e delicadeza de canções como “Ríe Chinito”, sobe ao palco do Chisme Festival, neste sábado, dia 15, para uma apresentação que promete emoção, reencontro e celebração.
O festival, que acontece no Jockey Club do Rio Grande do Sul (Diário de Notícias, 750), terá mais de 12 horas de programação dedicada à diversidade artística da América Latina com shows, festas, experiências e gastronomia típica. O evento que começa às 13h e termina à meia-noite, tem ingressos à venda no site Tri.RS.
O festival conta com apresentações de Nei Lisboa, Julieta e Rubén Rada, Frente Cumbiero, além de festas como Problemón e Coice, e sets de DJs como Chancha Via Circuito e Clementaum. No entardecer, às 18h, o público será conduzido pela atmosfera envolvente do Perotá Chingó, que mistura o folk, a canção popular e a experimentação eletrônica em uma sonoridade única.
Em entrevista ao Correio do Povo, Dolores Aguirre falou sobre o momento atual do duo e o significado dessa nova fase, marcada pelo álbum “TÁ” (2024) e pela retomada dos palcos após um período de pausa.
“A gente já está com 12 anos de carreira e estamos seguindo com esse show que é como uma comemoração de toda essa história. Então, estamos focando bastante nas raízes da banda, tocando os clássicos, mas também trazendo um pouco do novo álbum que lançamos no ano passado. Vai ser um show bem emocionante, íntimo”, contou Dolores. A cantora garantiu o ineditismo do show, já que as faixas de “Tá” ainda não foram tocadas, “vai ter alguma surpresinha, sim, porque vamos trazer algumas músicas que nunca tocamos, que são do novo álbum. É um show novo, na verdade. Já tem dois anos que não estávamos tocando tanto, então vai ser como uma volta ao palco”, disse.
Para Dolores, participar do Chisme Festival tem um significado especial, sobretudo por se tratar de um evento voltado à arte e à música independente, um espaço que, segundo ela, ainda é raro: “Eu sinto que a cena musical não tem muitos espaços para músicos independentes. Ou sim tem, mas são bem underground. Então, ter um festival assim, e ainda no Brasil, é muito significativo. Todo mundo sente que o Brasil é um lugar com uma cultura tão própria, tão importante, e abrir espaço também para artistas de fora é um presente. A gente está muito agradecida com a oportunidade de tocar aí.”
A dupla, que começou viajando e gravando vídeos acústicos, muitas vezes covers, e que viralizaram na internet, hoje revisita suas origens com maturidade.
“Na verdade, foi sempre mudando, porque a gente começou passando muitos covers, depois começamos a tocar mais músicas próprias. Eu e a Julia somos duas pessoas muito diferentes, com gostos diferentes, ela é mais eletrônica, eu sou mais folk. Sinto que, na carreira, fomos dando espaço para todas essas vontades. Começou sendo muito folk e depois virou para um lado mais eletrônico. E agora estamos nesse lugar mais clássico, de abraçar toda essa história, todas essas mudanças, e fazer uma coisa mais madura”, analisa Dolores.
Após anos intensos de turnês e viagens, Dolores conta que a pausa dos últimos anos foi necessária para que o grupo se reconectasse com sua essência. “Foram muitos anos de muito trabalho sem parar. Há dois anos decidimos parar um pouco. A gente não queria só parar, queria deixar algo novo, um presente de agradecimento para todo mundo. E esse presente foi esse álbum que fizemos antes de descansar. Agora estamos voltando num formato que inclui esse disco, mas também é uma comemoração de toda a história.”
Ao longo da trajetória, o Perotá Chingó colecionou parcerias com artistas como Chico César, Jorge Drexler, Joss Stone e Anita Tijoux — experiências que, segundo Dolores, foram verdadeiros presentes. “A carreira nos deu muitos presentes, como colaborar com artistas que a gente admira muito. Sinto que cada uma de nós traz suas próprias referências, e isso sempre alimenta o nosso som.”
O retorno da dupla aos palcos brasileiros, especialmente em um festival que valoriza a arte independente e a diversidade latino-americana, promete ser um momento simbólico.
Fonte: Carolina Santos/Correio do Povo