
As transformações do clima e os reflexos diretos na produção rural estiveram em debate em um painel realizado na tarde de quinta-feira (4), integrando a programação da 48ª Expointer. Com o tema “Agropecuária gaúcha, passado, presente e futuro: como se adaptar, reduzindo o impacto e se mantendo produtivo?”, a atividade reuniu representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para apresentar resultados preliminares de estudos e propor alternativas de adaptação.
O superintendente do Mapa no Rio Grande do Sul, José Cleber Souza, destacou que o trabalho tem o objetivo de diagnosticar gargalos e propor soluções. “Nosso objetivo é recolher evidências que orientem políticas de crédito, linhas de pesquisa e novas práticas produtivas. Mas nós, enquanto Executivo, não podemos apenas estudar, Já existem tecnologias que estão sendo aplicadas em regiões fortemente atingidas no último ano”, afirmou.
Entre os levantamentos apresentados, Souza chamou a atenção para a fragilidade das estradas rurais gaúchas diante das alterações climáticas. Segundo ele, a ausência de planejamento integrado entre União, Estado e municípios faz com que muitas vias fiquem em más condições durante boa parte do ano, elevando custos e prejudicando o escoamento da produção.
O superintendente também ressaltou as tecnologias que fazem parte do portfólio da Embrapa, apresentadas através do que está sendo desenvolvido nas regiões mais impactadas no ano passado. “Nosso intuito é apresentar o diagnóstico focado em solos e infraestrutura, e o da Embrapa é apresentar aquilo que já está evidenciado, para tornar os nossos sistemas produtivos adaptados a esse contexto de uma nova condição climática que temos no Rio Grande do Sul”, disse.
Ele destacou, ainda, que a preocupação do Mapa com relação à degradação dos solos é considerar elementos como a topografia de cada região do Estado, que apresentam diferenças. A partir disso, o Mapa pretende estabelecer um planejamento de uso, utilizando tecnologias que favoreçam a incorporação da água do solo.
Através de um trabalho conjunto entre o Ministério e a Embrapa, unidades técnicas de referência estão sendo instaladas para fazer a demonstração em propriedades rurais, com a implementação do protocolo de tecnologias que oferecem maior adaptação.
Por fim, Souza ressaltou a importância de trazer essas informações e debates para dentro da Expointer. “Esperamos, ao final desse processo, ter um protocolo focado nos grandes cultivos, com essa perspectiva de adaptação, incorporação da água e a redução da emissão de gases de efeito estufa, além de um conjunto de práticas adaptadas a cada uma das regiões, iniciando pelas que foram mais impactadas pelas enchentes”, concluiu.
Fonte: Correio do Povo