
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, autorizou que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro visite o ex-presidente Jair Bolsonaro na sede da Polícia Federal, em Brasília.
A permissão atende a um pedido apresentado pela defesa e estabelece que a visita ocorra em condições definidas pela própria PF.
O documento também queria incluir os filhos, mas o pedido deve ser refeito. “A defesa não indicou quais os filhos do réu que pretendem realizar a visita, providência necessária para o cadastramento. Dessa maneira, deve completar o pedido”,
Bolsonaro foi preso neste sábado (22) depois que Moraes acatou uma solicitação da Polícia Federal e da PGR (Procuradoria-Geral da República).
A decisão se baseia em investigações que miram o ex-chefe do Executivo e que vêm sendo conduzidas nos últimos meses.
Decisão de Moraes: risco de fuga e tumulto
O ministro apontou risco concreto de evasão, sustentado por três elementos principais:
- violação do monitoramento eletrônico às 0h09 de sábado;
- convocação de vigília por Flávio Bolsonaro na porta do condomínio;
- registros anteriores de articulação para pedido de asilo em embaixada estrangeira.
Moraes destacou que o tumulto planejado criaria cobertura propícia para fuga. O ministro mencionou também a proximidade da casa do ex-presidente em relação ao Setor de Embaixadas Sul — cerca de 13 km, trajeto estimado em 15 minutos de carro — e lembrou investigações sobre plano anterior envolvendo a embaixada da Argentina.
Sala de Estado: estrutura para longas detenções
Após exame clínico no Instituto Nacional de Criminalística, Bolsonaro recebeu custódia em uma sala de Estado dentro da PF, espaço reservado para autoridades de alta hierarquia.
Para receber detentos por períodos prolongados, a Superintendência passou por adaptação em agosto, com construção de cela exclusiva no térreo: 12m², cama, banheiro privativo, chuveiro, ar-condicionado e televisão.
A Senappen montou equipe própria de policiais penais para vigilância permanente, assim como médicos à disposição de Bolsonaro.
Repercussão nos EUA
O presidente americano Donald Trump, quando avisado da prisão de Bolsonaro na manhã deste sábado (22), afirmou que a situação é “muito ruim”. Martin De Luca, advogado do presidente americano, também se manifestou, dizendo que Moraes “acabou com a diplomacia de Lula”.
“Enquanto a equipe de Lula tenta desesperadamente reconstruir a confiança com os EUA, Moraes faz tudo o que pode para provar por que foi sancionado“, escreveu ele. “Se o Brasil quer credibilidade no exterior, talvez devesse começar por pôr a sua própria casa em ordem, porque, neste momento, um homem está desfazendo o trabalho de todos os outros em tempo real”, completou.
No final do dia a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil também reagiu à prisão, ao traduzir e compartilhar na plataforma X, uma publicação feita pelo vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau, que afirmou que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes é um “violador de direitos humanos” e que os EUA estão “profundamente preocupados”.
“O juiz Moraes, um violador de direitos humanos sancionado, expôs o Supremo Tribunal Federal do Brasil à vergonha e ao descrédito internacional ao desrespeitar normas tradicionais de autocontenção judicial e politizar de forma escancarada o processo judicial”, afirmou Landau.
O que está em jogo agora
A audiência de custódia deste domingo determinará a manutenção, flexibilização ou revogação da prisão preventiva. O procedimento analisará:
- legalidade da medida;
- integridade física do detento;
- necessidade de continuidade da custódia cautelar.
Na segunda-feira (24), a Primeira Turma do STF realiza sessão extraordinária para examinar a decisão de Moraes. O encontro coincide com o limite para os últimos recursos no processo do golpe.
Caso o colegiado rejeite os pedidos da defesa, o cumprimento da pena definitiva pode se tornar imediato — coexistindo com a prisão preventiva em andamento.
Fonte: R7