
Montenegro, no Vale do Caí, viveu um clima de tensão no domingo, com cerca de 20 pessoas sendo alojadas em abrigos públicos e entre 50 e 60 famílias desalojadas, que tiveram que deixar suas casas em áreas de risco. A retirada foi realizada preventivamente nas cotas mais baixas, com apoio da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, que ainda contam com caminhões e vans para realocação dos moradores, além do acompanhamento de animais de estimação.
Conforme o coordenador da Defesa Civil, Clóvis Eduardo Pereira, a estimativa é de que o pico da inundação atinja a cidade entre o início da noite de domingo e a madrugada de segunda-feira. A enchente deve provocar alagamentos em vias baixas, como a avenida Álvaro de Morais, que até o meio da tarde era transitável, com previsão de ser coberta pela água à noite.
Pereira estimou que o rio pode subir acima dos 7,70 metros, dependendo da vazão rio, superando a cota de inundação. Ainda assim, não há risco de que a tragédia de maio de 2024 se repita na cidade. “Ano passado passou dos 10 metros. São quase 3 metros a menos desta vez”, explica.
O secretário do Meio Ambiente, Ronei Cavalheiro, destacou que, além de retirada dos morados, há suporte aos animais afetados. “Temos um local específico, com capacidade para 100 animais. Até o início da tarde tivemos em torno de 10 retirados e há pedidos para mais”, conta.
O clima no bairro Industrial revela o drama das famílias que, outra vez, tiveram de sair de casa. A líder comunitária Eliane da Silva, conta que os moradores vivem sob tensão. “Basta chover três dias para termos que sair. Não temos mais dignidade de comprar uma cama ou móveis decentes, com a confiança de que não vamos perder. A gente vive com psicológico abalado”, afirma.
Cerca de 500 famílias residem na região, mas nem todas optaram por sair, segundo ela. Outras ainda aguardavam ajuda para retirar móveis. A prefeitura disponibilizou suporte com ambulâncias, vans e ginásio para armazenamento de móveis, enquanto grupos de WhatsApp auxiliam na comunicação entre os moradores.