A percepção de risco sobre a economia brasileira aumentou nesta quarta-feira, 9, após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de tarifas de 50% a todos os produtos brasileiros exportados ao mercado norte-americano a partir de agosto. O principal indicador de risco-país, o Credit Default Swap (CDS) de cinco anos, subiu mais de 3% no dia, evidenciando o estresse dos investidores com os impactos comerciais e políticos da decisão.
O movimento repercutiu em toda a curva de juros futuros, com destaque para os vencimentos mais longos, a partir de 2028, que renovaram máximas intradia durante o pregão.O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 encerrou a sessão cotado a 14,930%, ante 14,923% na véspera. O DI de janeiro de 2027 passou de 14,175% para 14,270%, enquanto o de 2028 saltou de 13,419% para 13,595%. O papel de 2029 avançou de 13,304% para 13,485%.
Segundo analistas, a curva longa foi diretamente afetada pelo anúncio de Trump, apesar da reação ainda contida nos vencimentos de curto prazo. Para Tiago Hansen, economista da Alphawave Capital, a tarifa impactou a parte longa da curva, mas o principal estresse se concentrou no câmbio. “Os juros não absorveram toda a tensão, mas o risco-país saltou”, destacou.
MERCADO ACIONÁRIO
Além do CDS, o Ibovespa fechou em queda de 1,31%, aos 137.480 pontos, com forte pressão no período da tarde após a divulgação da carta de Trump endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, o republicano alegou retaliação a ações do Brasil contra empresas norte-americanas e mencionou o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
O dólar também registrou alta durante a sessão, acompanhando o movimento de aversão global a ativos de mercados emergentes. Em paralelo, os juros dos Treasuries norte-americanos recuaram após a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve, que indicou cautela em relação à inflação e incertezas sobre o início de um novo ciclo de cortes.
(*) com R7