
Em junho, o saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro atingiu R$19,3 trilhões (157,5% do PIB), com alta de 0,9% no mês, refletindo, principalmente, os acréscimos de 2,9% nos títulos públicos de dívida e de 2,1% nos títulos de dívida securitizados. Em 12 meses, o crédito ampliado cresceu 10,6%, com avanços nos títulos públicos de dívida (12,2%), nos empréstimos do Sistema Financeiro Nacional (SFN)(10,1%), nos títulos de dívida securitizados (25,6%) e nos títulos privados de dívida (16,3%). Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, 28, pelo Banco Central.
O crédito ampliado às empresas somou R$6,6 trilhões em junho (54,1% do PIB), redução de 0,6% no mês, ressaltando-se o decréscimo de 3,8% nos empréstimos externos, influenciado pela apreciação cambial de 4,41%. Em relação a junho de 2024, houve crescimento de 9,1%, resultado principalmente de elevações de 19,9% em títulos de dívida e de 6,2% nos empréstimos do SFN. O crédito ampliado às famílias situou-se em R$4,5 trilhões (36,4% do PIB), com expansões de 0,4% no mês e de 11,9% em doze meses, refletindo o desempenho dos empréstimos do SFN.
OPERAÇÕES DE CRÉDITO
O saldo das operações de crédito do SFN assinalou expansão mensal de 0,5% em junho, totalizando R$6,7 trilhões. Esse desempenho decorreu, basicamente, dos incrementos de 0,6% no crédito destinado às empresas e de 0,4% às famílias, que somaram R$2,5 trilhões e R$4,1 trilhões, respectivamente. Em doze meses, o saldo das operações de crédito do SFN em junho apresentou menor ritmo de crescimento em relação ao observado no mês anterior, com incremento de 10,7% ante 11,8%. Por segmento, observadas as mesmas bases de comparação, o crédito às pessoas jurídicas e o crédito às pessoas físicas registraram arrefecimento, com altas de 8,8% ante 10,9% e de 11,9% ante 12,4%, na mesma ordem.
O saldo de crédito com recursos livres alcançou R$3,9 trilhões em junho, com altas de 0,4% no mês e de 9,7% em comparação a igual período do ano anterior. No crédito livre às pessoas jurídicas, saldo de R$1,6 trilhão, com altas de 0,6% no mês e de 6,2% em doze meses . Destaque para as expansões em adiantamentos de contratos de câmbio – ACC (+4,3%), capital de giro total (+0,9%) e outros créditos livres (+2,4%), e o recuo da carteira de desconto de duplicatas e outros recebíveis (-1,9%), influenciada pela alteração da alíquota do imposto sobre operações financeiras (IOF) sobre as operações de risco sacado a partir de junho.
O crédito livre às pessoas físicas totalizou R$2,3 trilhões em junho, com crescimentos de 0,3% no mês e de 12,4% em doze meses. Destaques para financiamentos para aquisição de veículos (+0,9%), cartão de crédito total (+0,3%) e crédito pessoal não consignado (+0,4%), bem como para a diminuição da carteira de crédito pessoal consignado para beneficiários do INSS (-1,1%) decorrente dos impactos das medidas restritivas para concessão do crédito adotadas por aquela autarquia.
O saldo de crédito com recursos direcionados alcançou R$2,8 trilhões em junho, com incrementos de 0,5% no mês e de 12,0% em doze meses. O crédito direcionado às empresas totalizou R$946,5 bilhões, com acréscimos de 0,7% no mês e de 13,3% em doze meses, enquanto o destinado às famílias avançou 0,4% e 11,3%, na mesma ordem, somando R$1,9 trilhão.
As concessões de crédito do SFN totalizaram R$636,9 bilhões em junho. Nas séries sazonalmente ajustadas, as concessões recuaram 3,1% no mês, com redução de 7,5% nas operações com pessoas jurídicas e expansão de 1,4% nas operações com pessoas físicas. Nos 12 meses acumulados até junho, as concessões nominais cresceram 13,9%, com altas de 17,7% nas operações com empresas e de 10,9% nas operações com as famílias. As concessões nominais médias diárias avançaram 3,4% em junho comparativamente ao mês anterior, ressaltando-se a ocorrência de um dia útil a menos em relação a maio.
A taxa média de juros das concessões de crédito do sistema financeiro atingiu 31,5% ao ano, com redução de 0,1 ponto percentual no mês e alta de 3,6 pontos percentuais na comparação com junho do ano anterior. Nas operações com as empresas, a taxa média recuou 0,1 ponto percentual no mês e aumentou 2,8 pontos percentuais em 12 meses, situando-se em 21,2% ao ano. Nas operações pactuadas com as famílias, a taxa média de juros manteve-se estável no mês e avançou 3,8 pontos percentuais em 12 meses, situando-se em 36,3% ao ano. O spread bancário, que mede a diferença entre as taxas médias de juros das operações de crédito e o custo de captação, alcançou 20,4 pontos percentuais, mantendo-se estável no mês e aumentando 1,8 ponto percentual em 12 meses.
No crédito livre, a taxa média de juros situou-se em 45,4% ao ano em junho, assinalando estabilidade no mês e elevação de 5,4 pontos percentuais em 12 meses. No crédito livre às pessoas jurídicas, a taxa média de juros cresceu 0,1 ponto percentual no mês e 3,5 pontos percentuais em 12 meses, situando-se em 24,3% ao ano. A taxa média de juros do crédito livre às pessoas físicas atingiu 58,3% ao ano em junho, mantendo-se estável no mês e assinalando aumento de 5,7 pontos percentuais em 12 meses.
Em junho, o efeito da variação das taxas médias de juros (efeito taxa) foi compensado pelo efeito da alteração na composição dos saldos (efeito saldo) no segmento de crédito livre às famílias, permanecendo estável a taxa média. No crédito livre às empresas, o efeito saldo foi determinante para o crescimento da taxa média.