
Um júri condenou Anderson Mello Rios, o MC Nose, a 70 anos de prisão por envolvimento no assassinato de três jovens, em fevereiro de 2021, no bairro Jardim Carvalho, na zona Leste de Porto Alegre. O juiz Francisco Luiz Morsch leu a decisão às 23h20min de quinta-feira. A defesa vai recorrer. O julgamento ocorreu no 2º Juizado da 1ª Vara do Júri, no Foro da Capital. Quatro mulheres e três homens atuaram como jurados no conselho de sentença. O acusado já estava preso preventivamente.
O delegado Gabriel Bicca, ex-titular da 5ª Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (5ª DHPP) e que coordenou o inquérito na época dos fatos, foi a única testemunha ouvida em plenário. Ele foi arrolado pela acusação. Também houve o interrogatório do réu, que negou envolvimento com os crimes. Ele passou mal após prestar depoimento e, por isso, foi enviado à Penitenciária Estadual de Porto Alegre, não acompanhando o desfecho do julgamento.
De acordo com a promotora de Justiça Lúcia Helena Callegari, o réu teria orquestrado o crime para retomar pontos de tráfico na Vila Ipê, de onde teria sido expulso por rivais. Além dele, outras 14 pessoas também foram denunciadas, mas respondem em processos separados. Ela veiculou trechos dos funks ‘Faz Passinho do Bandido’ e ‘157 Virou Vício’, que foram gravados por MC Nose, durante a fase dos debates. “São letras que falam sobre matar inimigos. Isso não é música”, avaliou.
A promotora de Justiça disse que o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) ficou satisfeito com a condenação. “O resultado do júri foi apenas uma resposta diante do envolvimento do réu nos crimes e da gravidade dos fatos que ele praticou”, frisou. Os advogados Gelson Fassina e Douglas Fernandes, que atuaram na defesa do acusado, informaram que irão recorrer, alegando que não há provas da participação dele no triplo homicídio. Para a defesa, MC Nose foi acusado por causa dos funks que lançou.
“A acusação afirmou que ele teria participado de uma reunião para organizar o crime, mas já provamos que isso nunca existiu. Querem incriminá-lo porque é pobre e, também, por causa das letras de suas gravações”, disse Fassina. Por volta das 20h, os jurados foram retirados do julgamento a pedido da defesa, que protestou após a promotora ter citado um advogado que, supostamente, teria repassado informações do réu para outro acusado do crime, que responde separadamente.
Os trabalhos foram retomados às 20h50min, com a presença de uma representante da Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas (CDAP). “Não aceitaremos a criminalização da advocacia”, pontuou Fassina.
Relembre o crime
Em 1º de fevereiro de 2021, três jovens foram executados dentro de uma casa na rua A, na Vila Ipê, no bairro Jardim Carvalho. O caso, segundo a Polícia Civil, teria ocorrido no contexto de disputas do tráfico. As vítimas foram os irmãos Paulo Gabriel e João Vitor Correa de Lima, respectivamente 18 e 16 anos, e Pedro Henrique Silva Santos Soares, de 17 anos. Mais de 10 pessoas teriam participado do crime, armadas com pistolas e fuzis.