
Chegou a semana tão esperada pelo mercado financeiro internacional. Olhando para o exterior, a conturbada relação entre o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) e o presidente dos EUA, Donald Trump terá um momento decisivo na reunião que vai definir pela manutenção ou alteração da taxa de juros do mercado norte-americano na quarta-feira,17.
Apesar de ter havido especulação sobre um recuo de meio ponto percentual — que não chegou a se tornar majoritária no mercado —, retomar o afrouxamento monetário em 25 pontos-base é uma postura cautelosa da instituição. Mas não é somente a taxa de juros que será decidida na quarta-feira. O Fed também apresentará as Projeções Econômicas, divulgadas a cada 90 dias. No último documento, a projeção era de dois cortes de 25 pontos-base nas três reuniões restantes de 2025 – o mercado já vê como certo os cortes nestes encontros.
“Para 2026, o mercado se divide entre dois e três cortes de 25 pontos-base, com a taxa podendo chegar a 3% ao ano. Resta saber se o Fed confirmará esse cenário em suas projeções.Além da taxa de juros, as estimativas de inflação também serão monitoradas, especialmente para entender os efeitos das tarifas sobre o nível de preços. A projeção será provavelmente de impacto pontual, mas pode haver grande divergência entre a menor e a maior expectativa inflacionária dos membros do Fed”, comenta Leandro Manzoni, analista da plataforma Investing.com.
Os riscos que ameaçam os dois mandatos do Fed — estabilidade de preços e pleno emprego — são elevados, embora, no momento, os relacionados ao mercado de trabalho sejam maiores. Nada impede que a inflação continue subindo e os EUA caminhem para um cenário de estagflação, deixando o Fed no dilema de manter a taxa em nível neutro ou em patamar restritivo para combater a inflação elevada. Nesse cenário, Trump “vai pagar” para a alegria de Powell, que estará de saída do comando do Fed em maio de 2026. Mas um crescimento mais baixo é, por enquanto, o cenário mais provável.
MERCADO NACIONAL
No mesmo dia, o Banco Central do Brasil deve manter a taxa Selic em 15% ao ano. A atividade econômica moderou desde a última reunião, mas a combinação de mercado de trabalho ainda aquecido, inflação de serviços bem acima do teto de tolerância de 1,5 ponto percentual da meta de 3% ao ano e expectativas ainda distantes do centro da meta contribuem para a manutenção dos juros no atual patamar.
A maior atenção na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) talvez recaia sobre a manutenção do trecho que indica interrupção do ciclo de alta, com possibilidade de retomada das elevações. O presidente do Banco Central já admite publicamente o processo de desinflação, mas em ritmo lento, o que pode levar a retirada deste trecho.
Outros dados importantes da semana no Brasil ocorrem nos dois primeiros dias úteis. Na segunda-feira, 15, o Boletim Focus seguirá sob olhar atento dos investidores quanto à expectativa de inflação para 2027, além da taxa de câmbio para este e o próximo ano. O rompimento do dólar abaixo de R$ 5,40 na última semana pode favorecer a rapidez convergência da projeção do IPCA para 2027 em direção ao centro da meta, embora as perspectivas fiscais incertas sejam um freio de mão. No mesmo dia, o Banco Central divulgará o índice de atividade econômica (IBC-BR) de julho, com estimativa de queda de 0,3% na base mensal.
Na terça-feira, 16, será a vez da taxa de desemprego do trimestre encerrado em julho. A projeção é de recuo de 5,8% em junho para 5,7% em julho. Na quarta-feira, 17, sai o resultado da reunião do Comitê de Política Monetário (Copom) e o IGP-10 de setembro.