
Com a chegada do inverno e a queda das temperaturas no Rio Grande do Sul, empreendedores atentos ao comportamento do consumidor aproveitam a estação para inovar, aumentar as vendas e fortalecer seus negócios. Mais do que um período de adaptação ao frio, os meses de inverno se tornaram uma verdadeira “safra” para empresas que atuam nos segmentos de alimentação, vestuário, turismo e serviços.
De acordo com Gustavo Rech, gerente do Sebrae RS na Serra gaúcha,o sucesso nesse período depende de planejamento estratégico, leitura de mercado e sensibilidade às demandas sazonais. “Setores como vestuário, energia elétrica, alimentação e turismo costumam registrar aumento expressivo de demanda durante o inverno. Empreendedores que se antecipam com boas análises e uma gestão eficiente saem na frente”, explica.
Entre as orientações destacadas pelo Sebrae RS estão o reforço da logística, campanhas de marketing sazonal, gestão financeira realista e até a contratação de profissionais temporários para dar conta do aumento do fluxo de clientes. “O inverno exige atenção redobrada ao estoque, à operação e à experiência do cliente, mas também abre espaço para inovação e criação de produtos personalizados para o frio, gerando diferenciação no mercado”, completa Gustavo.
Na Serra gaúcha, a Al Dente Massas, de Caxias do Sul, transformou o capeletti, um prato típico da culinária italiana, em seu principal motor de crescimento durante o inverno. “Esse é nosso produto mais forte e tem uma demanda muito grande nos meses frios. Nosso faturamento praticamente triplica entre maio e julho, e as vendas do capeletti aumentam cinco vezes em comparação ao restante do ano”, conta o sócio-proprietário, Felipe de Barros.
COMPRA ANTECIPADA
A empresa se prepara com meses de antecedência, antecipando a compra de matéria-prima e organizando a produção para atender à alta demanda. “Trabalhamos a partir de fevereiro e março para garantir os estoques. Hoje conseguimos manter a produção com equipe fixa e uso de automação, mas já recorremos a contratações temporárias para dar conta da ‘safra’, como chamamos internamente esse período”, explica Cecília Caregnatto de Barros, sócia-proprietária.
Durante o inverno, a rotina se intensifica. “Nossa máquina de capeletti começa a funcionar às 4h30 da manhã e vai até meia-noite. É o momento em que o negócio gira mais forte”, destaca Felipe, que vê na estação uma oportunidade concreta de crescimento e consolidação da empresa.
No setor de vestuário, o frio também representa aquecimento nas vendas. Uma empresa do ramo de roupas personalizadas relata que o inverno é, historicamente, seu período mais estratégico. “Produzimos jaquetas e casacos, e com a queda das temperaturas, cresce naturalmente a procura por esse tipo de peça. Nosso ticket médio praticamente triplica nesse período”, afirma Rodrigo Vezzaro, proprietário da Vezzareto Uniformes.
A alta demanda exige reforço em diversos pontos da operação: “Estoque, logística, atendimento e produção são áreas que precisam estar alinhadas para dar conta do volume de pedidos. O inverno, para nós, não é apenas uma estação, mas uma oportunidade de crescimento e visibilidade”, complementa.
Para o Sebrae RS, o inverno pode ser um verdadeiro trampolim para quem sabe transformar desafios em oportunidades. “Empresas que fortalecem o relacionamento com o cliente e oferecem experiências personalizadas durante o frio colhem bons resultados o ano inteiro. Investir em fidelização e inovação ajuda a transformar o consumidor ocasional em cliente fiel”, conclui Rech.