
Foi um período longo: primeiro de descanso, depois de treinamentos. Mesmo assim, a atuação do Inter traz algumas reflexões importantes e divergentes. O que importa, claro, são os três pontos. Sempre. No entanto, creio que todo mundo esperava mais depois de um período de recuperação de atletas e bastante tempo para ajustes coletivos.
A vitória sobre os baianos é o que fica de mais relevante. A saída da zona de rebaixamento, lugar que o Inter não esperava ocupar e no qual não tinha por que permanecer. Quanto ao desempenho, vimos o time de Roger Machado com dificuldades para agredir o fraco Vitória. O Colorado controlou a posse, chutou mais ao gol adversário, mas, sem o golaço de Tábata no final, as críticas quanto à produção da equipe tomariam conta dos pensamentos do torcedor — e deste texto também.
Sem seu principal jogador, Fernando, o Inter muda de característica. Perde a intensidade, que já não era tão alta no meio-campo, e torna-se uma equipe previsível. Falta chacoalhar mais o adversário, gerar desconforto, como o próprio treinador colorado costuma dizer. Essa evolução que se espera do Internacional vai precisar passar por reforços. Alan Rodríguez deve chegar justamente para dar mais velocidade na troca de passes e movimentação no centro do time. Talvez, inclusive, custe a qualidade nos pés de Bruno Henrique, mas traga ganhos nesse aspecto tão cobrado — a intensidade, fundamental no futebol de alto nível.
Agora, o Inter ganha mais tempo para treinar e se distancia, cada vez mais, das justificativas. O clube gaúcho sofreu com lesões e um calendário apertado no primeiro semestre. Os desafios desta segunda etapa da temporada serão muito maiores do que o enfrentamento contra o time de Carille, que vai lutar contra a permanência no Z-4. É possível superar, mas vai depender de reforços em boas condições físicas e também da contribuição do treinador.
Roger é excelente, mas precisa evoluir e variar mais a forma como seu time ataca. As tabelas, triangulações e aproximações pelos lados, culminando em cruzamentos rasteiros, já foram mais eficientes. A preocupação com a gestão do elenco, deixando jovens como Matías e Prado por mais tempo no banco, pode ser prejudicial nos confrontos grandes contra os cariocas, tanto na Copa do Brasil (Fluminense) quanto na Libertadores (Flamengo). O comandante colorado sabe disso, embora as explicações comecem a soar repetitivas — ora pela falta de tempo, ora pelo excesso dele. O Inter pode e deve mais. Tenho certeza de que Roger, jogadores e torcida concordam.